No entanto, as imagens captadas pelas câmeras da Gabriel apenas mostram a violência urbana em alta definição, sem cumprir a promessa de contribuir para o patrulhamento policial. O bairro de Copacabana enfrenta um aumento de 28% nos roubos de rua, enquanto bairros vizinhos, onde a empresa também atua, registraram quedas significativas.
A empresa tem crescido no mercado de segurança com uma estratégia agressiva de marketing e investimento pesado. Segundo reportagem do jornal O Globo, a Gabriel liderou uma rodada de investimentos que captou R$ 66 milhões, com a participação da Globo Ventures, unidade de investimento do Grupo Globo. Além do investimento financeiro, a empresa conta com conexões privilegiadas com a polícia, apresentando depoimentos de delegados e estabelecendo contatos com oficiais do batalhão de Copacabana.
A Polícia Militar nega atuar em favor da empresa, mas a Gabriel foi a primeira empresa de segurança privada a integrar o projeto de videomonitoramento urbano da PM. As imagens das câmeras vão direto para o Centro de Comando e Controle da PM, e a intenção é utilizar essas imagens em um megaprojeto de reconhecimento facial, técnica criticada por seu viés racial nos erros e na identificação de supostos criminosos.
No entanto, as imagens das câmeras da Gabriel em Copacabana mostram que não inibiram os criminosos e também não ajudaram no policiamento da região, já que não registraram a presença de nenhum agente. A exibição ostensiva da violência tem abastecido os telejornais e estimulado os “justiceiros” que circulam em Copacabana.
A presença e atuação da empresa de videomonitoramento na região coloca em questão a eficácia de seu trabalho e sua relação com as forças de segurança, gerando debates sobre a privatização da segurança e o uso de tecnologias de vigilância em áreas urbanas. Enquanto isso, Copacabana continua a enfrentar crescente violência nas ruas, sem que as promessas de segurança e monitoramento sejam cumpridas.