PGR pede que ministro Kassio Nunes Marques seja declarado impedido de atuar no processo de desintrusão de invasores da terra indígena Apyterewa.

Nessa última semana, a Procuradoria-Geral da República (PGR) entrou com um pedido para que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Kassio Nunes Marques, fosse impedido de atuar no processo de desintrusão de invasores da terra indígena Apyterewa, localizada no Pará. Tal pedido foi motivado pela decisão do magistrado que acatou recursos de associações de produtores rurais, ordenando a paralisação de medidas coercitivas de reintegração adotadas pelas forças policiais na referida região.

Seguindo em frente, o presidente do STF, Luís Roberto Barroso, solicitou à União que prosseguisse com a operação na terra indígena, considerada a mais desmatada do país. Barroso afirmou que a decisão do colega não interferia nas ações já homologadas pela corte.

Diante dessa situação, a PGR argumenta que Nunes Marques deveria ser declarado impedido de proferir decisões nesse processo. Segundo a subprocuradora-geral da República Maria Caetana Cintra Santos, o ministro concedeu uma decisão favorável à mesma associação de produtores rurais quando ainda estava atuando no Tribunal Regional da 1ª Região (TRF-1), o que, na opinião da PGR, deveria restringir sua atuação.

O caso em questão remonta a 2016, quando Nunes Marques, atuando como desembargador federal, acatou um pedido de conflito de competência apresentado pela Associação dos Pequenos Produtores Rurais do Projeto Paredão (Aparpp), determinando a suspensão da desocupação de milhares de colonos da terra indígena. A Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas) havia movido a ação.

A PGR baseia seu pedido de impedimento do ministro do STF no Código do Processo Civil e no regimento interno do Supremo, que vedam a atuação de um magistrado caso ele já tenha tomado conhecimento do mesmo processo anteriormente, em outro grau de jurisdição.

Além disso, é importante ressaltar que a Terra Indígena Apyterewa sofre com exploração ilegal por parte de garimpeiros, madeireiros e criadores de gado. A presença desses invasores, aliada à pressão política sobre o território no Pará, tornou a situação ainda mais complexa. Tanto é que o início da operação teve que ser adiado por conta disso, e as ações de campo chegaram a ser suspensas.

Portanto, diante dessa conjuntura, a atuação do ministro Kassio Nunes Marques no processo de desintrusão de invasores da Terra Indígena Apyterewa merece ser discutida e examinada com cautela, de modo a garantir a imparcialidade e a legalidade das decisões que afetam diretamente a vida e a proteção dos povos indígenas no Brasil.

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