De acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, se somada aos 47.847 assassinatos registrados em 2021, essa quantidade oculta de mortes elevaria o total de homicídios para 52.999 no país. Embora essa adição não revertesse a tendência de queda geral de homicídios nos últimos anos, projetaria um panorama preocupante para a segurança pública no Brasil.
Os estados com as maiores taxas de homicídios ocultos por 100 mil habitantes são São Paulo (5,1), Roraima (3,5) e Ceará (3,1). Além disso, Rio de Janeiro, Bahia e Minas Gerais, juntamente com São Paulo, são responsáveis por mais de 70% das 49.413 mortes ocultas estimadas em todo o país no período de 2011 a 2021.
A categorização das mortes violentas no Brasil inclui assassinatos, agressões, mortes por intervenção de agentes do Estado, suicídios e acidentes. Quando não é possível identificar a intenção, essas mortes são classificadas como MVCI (Mortes Violentas por Causa Indeterminada), e é com base nessa categoria que o Atlas calcula os homicídios ocultos.
Os dados utilizados na pesquisa foram coletados no Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) e no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinam), do Ministério da Saúde. Em 2021, o país registrou 13.843 casos de MVCI, representando um aumento preocupante que os pesquisadores atribuem à perda de qualidade dos dados ou à dificuldade de analisar as causas da violência letal.
A incerteza sobre essas informações pode levar a cálculos errôneos sobre o volume de homicídios no país e, consequentemente, influenciar na formulação de políticas para lidar com essa questão. Portanto, é crucial que haja esforços para melhorar a qualidade e precisão dos dados relacionados à violência no Brasil.
Apesar das projeções de homicídios ocultos, o Brasil ainda parece seguir a tendência de queda de homicídios apontada por estudos anteriores, como o Anuário Brasileiro de Segurança Pública. No entanto, a taxa de homicídios registrada pelo Atlas para 2021, de 22,4 mortes a cada 100 mil habitantes, ficou acima da verificada em 2019, demonstrando que há desafios a serem enfrentados na área da segurança pública. A análise desses dados é essencial para orientar políticas e ações que visem a redução da violência no país.
