A pandemia teve impacto nocivo no cenário da educação em todo o mundo, especialmente em matemática, refletindo-se em quedas abruptas das pontuações no Pisa, principalmente entre os países mais avançados. No caso do Brasil, com grande parte da população em situação de vulnerabilidade socioeconômica e um sistema educacional frágil, especialmente na rede pública, que atende a maioria da população, havia fortes razões para temer um resultado ainda pior.
O relatório mostrou que o Brasil continua entre os 20 piores países do mundo em matemática, ocupando a 65ª posição. Além disso, 73% dos jovens brasileiros ficam abaixo do nível 2 do Pisa, considerado necessário para o exercício da cidadania. Esse percentual é muito superior ao observado nos países mais avançados, reunidos na OCDE, onde apenas 31% dos jovens não atingem o nível mínimo.
Um estudo realizado pelo Iede em parceria técnica com o Impa apontou que, aos 15 anos, os jovens brasileiros estão, em média, três anos atrasados em relação aos seus pares nos países desenvolvidos. Essa defasagem é ainda mais acentuada nas escolas que atendem a população de baixa renda. O estudo também identificou que a cor/raça e, em menor grau, o gênero, são fatores importantes que influenciam o desempenho dos estudantes.
Apesar disso, o estudo do Iede ressaltou a importância das olimpíadas do conhecimento, como a Obmep, na melhoria do desempenho dos estudantes. As escolas que participam ativamente da Obmep apresentam melhores resultados em avaliações como o Saeb e o Enem, além de terem taxas mais baixas de reprovação e uma porcentagem maior de professores com formação adequada ao ensino da disciplina.
Os resultados do Pisa refletem a urgência em buscar soluções para melhorar o ensino da matemática no Brasil, especialmente nas escolas que atendem a população de baixa renda. Investir em formação de professores e incentivar a participação em olimpíadas do conhecimento podem ser estratégias eficazes para promover a melhoria do desempenho dos estudantes brasileiros.