Revisão da Lei de Zoneamento em São Paulo propõe bloqueio de 747 áreas e gera receio de verticalização em diversos bairros.

Proposta de Revisão da Lei de Zoneamento em São Paulo Levanta Dúvidas e Preocupa Moradores

Na próxima segunda-feira, a Comissão de Política Urbana da Câmara de São Paulo apresentará uma proposta de revisão da Lei de Zoneamento que tem deixado os moradores de bairros impactados pela verticalização apreensivos. Até o momento, a proposta conta com 747 áreas bloqueadas contra as regras do Plano Diretor, que não limita a altura de prédios nos arredores de estações de metrô e trem e corredores de ônibus.

As áreas bloqueadas somam 13,4 km², quase o tamanho de São Caetano do Sul, mas ainda há entornos de 1.042 vilas onde arranha-céus também não serão permitidos. O vereador Rodrigo Goulart, relator da proposta, explicou que as áreas excluídas das ZEUs (Zona Eixo de Estruturação da Transformação Urbana), onde não há limite para edifícios, receberão regras de zoneamento parecidas com o entorno ou mais adequadas à característica do bairro.

Contudo, a exclusão de algumas quadras levantou dúvidas sobre o tipo de construção que será permitida, levando moradores de diversos bairros a apresentarem à Câmara uma proposta com zoneamento mais restritivo. Os movimentos organizados de bairros como Sumarezinho, Vila Anglo-Brasileira, Jardim Vera Cruz e Perdizes pedem a regressão de ZEU para ZM em todo o entorno do metrô Vila Madalena, limitando empreendimentos ainda não registrados ao gabarito de 28 metros.

Segundo o arquiteto Francisco Luiz Scagliusi, a verticalização mudou drasticamente as características do bairro da Vila Madalena e as ruas tornaram-se rotas de passagem de veículos devido ao adensamento construtivo e populacional. A revisão aprovada pela gestão do prefeito Ricardo Nunes ampliou os estímulos para construções em ZEUs, gerando preocupação principalmente sobre a verticalização de áreas valorizadas.

A urbanista Lucila Lacreta critica o mecanismo e aponta que a população não captou o resultado dessa proposta inicial, resultando em bairros dizimados e perda de identidade. Enquanto isso, o Secovi-SP, que representa construtores e incorporadores paulistas, não comentou as questões levantadas pelos movimentos de bairros.

A revisão do Plano Diretor, aprovada pela Câmara Municipal, possibilitou o aumento do raio das ZEUs no entorno de estações de metrô e trens, sem limite de altura. A relação entre terreno e área construída, representada pelo coeficiente de aproveitamento, possibilita a construção de edifícios residenciais com até seis vezes a área do terreno, podendo chegar a 12 vezes com incentivos criados pelo Plano Diretor.

Diante das incertezas e preocupações levantadas pelos moradores, a proposta de revisão da Lei de Zoneamento em São Paulo ainda desperta debates e questionamentos sobre os impactos da verticalização nos bairros da cidade. O desafio será encontrar um equilíbrio entre o desenvolvimento urbano e a preservação da identidade e qualidade de vida das comunidades afetadas.

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