Faltando apenas um mês para o fim do ano, a OMM concluiu que 2023 atingirá um aquecimento global de cerca de 1,4°C acima dos níveis pré-industriais, o que representa um novo recorde climático. O relatório da OMM aponta que este ano será o mais quente por uma grande margem, substituindo o recorde anterior de 2016, quando o mundo estava cerca de 1,2°C mais quente do que a média pré-industrial.
António Guterres destacou que diversas comunidades ao redor do mundo foram afetadas por incêndios, inundações e temperaturas extremas ao longo deste ano. Peterri Taalas, secretário-geral da OMM, também enumerou outros recordes relacionados a oceanos e gelo marinho, ressaltando que os níveis de gases de efeito estufa estão em patamares recordes, as temperaturas globais estão em níveis recordes e o aumento do nível do mar é recorde, assim como a quantidade recorde de gelo marinho na Antártida.
A COP28, que teve início em Dubai, foi marcada por apelos em favor do declínio definitivo da era dos combustíveis fósseis. O secretário-executivo da UNFCCC, Simon Stiell, pediu ao mundo que sinalize esse declínio, enquanto o presidente da COP28, Sultan Ahmed al-Jaber, defendeu a menção do papel dos combustíveis fósseis no acordo final.
Apesar do relatório da OMM não indicar que o mundo está prestes a ultrapassar o limite de aquecimento de longo prazo de 1,5°C, estabelecido no Acordo de Paris, os impactos já observados com um aquecimento de 1,4°C oferecem uma prévia assustadora do que pode ser ultrapassar permanentemente o limite estabelecido. Ataques, perda de gelo marinho, incêndios florestais recordes e outros eventos extremos foram alguns dos efeitos nefastos já observados.
Segundo os cientistas, o próximo ano pode ser ainda pior, com os impactos do El Niño atingindo o pico e levando a temperaturas ainda mais altas em 2024. A mudança climática, impulsionada pela queima de combustíveis fósseis, aliada ao surgimento do padrão climático natural do El Niño, levou o mundo a um cenário de recordes em 2023.