Essa busca por representatividade e identidade cultural deu origem a uma nova tendência conhecida como afropatys e afromauricinhos, que consiste em usar a moda como ferramenta de expressão e ancestralidade. Mulheres e homens negros têm misturado peças de lojas populares com roupas de grifes de luxo, além de elementos que fazem referência à cultura negra, como penteados, laces, dreads e tranças. Para esses indivíduos, a moda é mais do que estética, é uma forma de reivindicação de espaço e de reconhecimento de sua herança cultural.
Josy Ramos, uma influenciadora, afirma que ser uma afropaty é motivo de orgulho, pois representa a possibilidade das mulheres negras ocuparem o lugar que desejarem na sociedade, sem a obrigação de serem guerreiras o tempo todo. No entanto, essa busca por representatividade vai além do universo da moda, já que as mulheres negras ainda enfrentam desigualdades salariais e sociais em comparação com homens brancos, de acordo com estudo da economista Janaína Feijó, da FGV.
A construção de referências negras também se estende para outras áreas, como música e arte, resgatando elementos culturais africanos e dando espaço para artistas negros expressarem sua identidade e experiências por meio da moda e outros meios de expressão. A busca por diversidade e reconhecimento é uma das principais pautas da juventude negra, que busca criar novos ídolos e referências que reflitam suas vivências e herança cultural.
Nomes como Iza, Ludmilla e Liniker são exemplos de artistas que, além de sua música, mostram diferentes formas de expressar sua negritude por meio do estilo de vida e moda. No mundo da moda, estilistas como Angela Brito, Isaac Silva, Hisan Silva, Pedro Batalha e Cíntia Félix, da AZ Marias, buscam referências fora do padrão branco, apostando em peças agênero, sustentáveis e com uma abordagem que reflete a diversidade da sociedade.
A moda é, portanto, uma ferramenta de expressão e reivindicação para a população negra, que busca ocupar espaços de conforto e romper com estigmas que cercam a comunidade negra. A luta por representatividade na moda vai além do aspecto estético, refletindo a identidade e a herança cultural africana, e contribuindo para um movimento que valoriza a diversidade e a pluralidade de corpos e heranças culturais.