O trajeto diário de Alessandra já é complicado, envolvendo ônibus, trem e duas linhas do metrô, totalizando quase duas horas de deslocamento. No entanto, com a greve do sistema estadual de transporte sobre trilhos, ela precisará de três coletivos para chegar ao emprego e deve sair de casa antes das 5 horas da manhã.
Além dos funcionários do Metrô e da CPTM, a paralisação também deve afetar os da Sabesp, Fundação Casa e professores da rede pública. Devido a isso, o governo optou por adiar a aplicação do Provão Paulista, o vestibular seriado estadual.
Os grevistas protestam contra os planos de privatização do governo estadual, liderado por Tarcísio de Freitas (Republicanos), e contra um dispositivo proposto pela gestão que prevê a redução de 5% no total do orçamento dedicado à Educação para 2024. Helena Maria da Silva, vice-presidente do Sintaema, declarou que o governador deseja deixar o estado em frangalhos e oferecer o pior à população.
Diante desse cenário, algumas pessoas já começam a se organizar para enfrentar os transtornos causados pela greve. A auxiliar administrativa Adriana Gomes, 35 anos, que mora em Sapopemba, na zona leste de São Paulo, planeja ir de carro por aplicativo para chegar ao emprego na zona norte. Outra preocupação dela é com os filhos, que podem ficar sem aulas devido ao movimento.
Na última greve realizada em outubro, o governo classificou a mobilização como ilegal e recorreu à Justiça para garantir um percentual mínimo de funcionários trabalhando. Para a paralisação prevista para esta terça, o governador Tarcísio de Freitas afirmou que pretende decretar ponto facultativo e recorrer ao Judiciário para determinar a manutenção dos serviços públicos.
Diante das incertezas provocadas pela greve, a solidariedade entre os trabalhadores começa a se manifestar, com a organização de caronas e a arrecadação de dinheiro para táxi. A expectativa é que a mobilização cause transtornos para a população, mas também reforce a união entre os trabalhadores afetados.