De acordo com os pesquisadores, um ano após o início do tratamento, foi observada uma alteração significativa nos níveis de cortisol, hormônio responsável por ajudar a controlar o estresse, e nas citocinas inflamatórias, que conduzem a resposta inflamatória. A pesquisadora Andrea Feijó de Mello, professora do Departamento de Psiquiatria da Unifesp, explicou que mesmo após a melhora nos sintomas de depressão e ansiedade, o organismo continuou a apresentar uma resposta alterada ao estresse, corroborando a existência de uma neuro progressão ocasionada pelo trauma sexual.
As alterações observadas no estudo estão relacionadas a doenças do sistema imunológico e do estresse, aumentando o risco de desenvolvimento de diabetes, doenças cardíacas e doenças autoimunes como psoríase, lúpus e artrite reumatoide.
A pesquisa envolveu 74 mulheres, das quais 49 concluíram o protocolo. Parte delas recebeu tratamento medicamentoso, enquanto outra passou por terapia interpessoal, ambas apresentando melhora nos sintomas clínicos relativos a depressão e ansiedade. No entanto, o estudo constatou que, apesar do tratamento ser eficaz para sintomas psíquicos, não foi capaz de tratar a alteração biológica que persistia.
Andrea Mello ressaltou a importância de pesquisas futuras para entender melhor o que acontece no sistema dessas mulheres, destacando que o sistema está hiperativado e que isso pode acarretar consequências danosas ao longo do tempo.
Além disso, a pesquisa também destaca o aumento no número de estupros no Brasil. Dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) revelaram que a cada 8 minutos, uma menina ou mulher foi estuprada no primeiro semestre deste ano, o que representa um aumento de 14,9% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Diante desse cenário preocupante, é crucial que sejam realizadas mais pesquisas e desenvolvidas políticas públicas eficazes para prevenir crimes de violência sexual e garantir o tratamento adequado para as vítimas.