Segundo o estudo, para cada grupo de dez brancos, participantes do estudo, com seis ou mais doenças crônicas, havia 13 pessoas pardas e 15 pretas. A pesquisa também revelou que as mulheres são as mais afetadas pela condição classificada como multimorbidade, com seis ou mais doenças crônicas. Nesse grupo, 9,7% das mulheres são pretas, enquanto 5,7% são brancas. Entre os homens brancos, o índice ficou em 3,6% e em 2,3% para os homens pretos.
Em relação às doenças que afetam mais as pessoas pretas, está a diabetes mellitus, que atinge 27,7% dessa população. Para as pessoas brancas, 16,6% são afetadas, e para as pardas, 19,9%. A hipertensão também apresentou uma incidência maior entre as pessoas pretas, com 48,3%, em comparação com 37,1% das pardas e 31,1% das brancas. As doenças renais crônicas afetavam 11,1% dos participantes negros, 9,2% dos pardos e 7,9% dos brancos.
O boletim do Elsa elaborado a partir do recorte racial afirma que as diferenças observadas são resultado do racismo na sociedade brasileira, que “determina experiências de discriminação ao longo da vida, produzindo e mantendo desigualdades socioeconômicas (como na escolaridade e na renda), moradia, acesso a bens e serviços”.
A escolaridade é um dos dados que explicita essas diferenças. De acordo com a pesquisa, as mulheres brancas participantes têm um índice de 68% com acesso ao ensino superior. Para as mulheres pretas, o percentual fica em 30%, e para os homens pretos, 23%.
O Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (Elsa-Brasil) revela, portanto, a existência de desigualdades raciais na prevalência de doenças crônicas, bem como na acesso à educação, apontando para a necessidade de políticas públicas mais efetivas para combater essa disparidade.