Esse episódio marcou o início do que viria a ser a consciência racial na população negra do país. Zumbi dos Palmares plantou as sementes dessa consciência, o que motivou a celebração do Dia da Consciência Negra em 20 de novembro. A data foi institucionalizada em 1971, quando um grupo realizou um ato valorizando o heroísmo de Zumbi dos Palmares e a resistência negra, e a partir daí, diversas manifestações e atos aconteceram em todo o país.
A cidade de São Paulo foi pioneira em instituir oficialmente a data de 20 de novembro para a comemoração da Semana da Consciência Negra através da Lei nº 11.026, de 4 de julho de 1991. Essa iniciativa veio da Câmara Municipal, através do ex-vereador Vital Nolasco, um militante histórico do PC do B, que além de sua atuação na Câmara, foi metalúrgico, sindicalista e presidente da CEI (Comissão Especial de Inquérito) da Merenda, que investigou desvios de recursos públicos destinados à merenda escolar, e relator da CPI das Ossadas de Perus, que denunciou a existência de restos mortais de desaparecidos políticos da ditadura. Nolasco foi descrito como descendente de escravos e indígenas, e foi um importante representante do movimento negro.
Além de Nolasco, outros representantes negros históricos da Câmara Municipal de São Paulo incluem Eduardo de Oliveira, o primeiro parlamentar negro a ocupar uma das cadeiras de vereadores do Legislativo paulistano, e a primeira mulher negra a ser vereadora na Casa, Theodosina Rosário Ribeiro, que foi eleita em 1969 e destacou-se na luta pelas causas sociais, especialmente envolvendo os direitos das mulheres e das pessoas negras.
Atualmente, dos 55 vereadores que compõem a Câmara, oito se autodeclaram pretos ou pardos, incluindo a vereadora Elaine do Quilombo Periférico. A Casa tem sido palco de debates e projetos voltados para a valorização e defesa da população negra na cidade, incluindo o Prêmio Sabotage, que homenageia a memória do rapper paulistano Sabotage, um dos maiores nomes do hip-hop brasileiro.
O Legislativo paulistano tem se destacado pela preocupação em reparar séculos de discriminação e falta de representatividade da população negra na capital paulista, e em setembro deste ano, a Câmara cassou o mandato do ex-vereador Camilo Cristófaro por proferir um comentário racista. O presidente da Câmara, vereador Milton Leite, enfatizou a intolerância a qualquer tipo de discriminação, destacando a importância de atuar ativamente no combate ao racismo e na defesa da igualdade.
A atuação da Câmara Municipal de São Paulo tem contribuído significativamente para o fortalecimento da identidade negra na cidade, e a igualdade racial é reconhecida como um dos pilares para o desenvolvimento pleno da sociedade paulistana.