Toda a saga de Franz Kafka e suas mensagens disruptivas poderia facilmente ser um enredo de um romance contemporâneo. O caos da modernidade é evidente nas notificações que pipocam no celular de Kafka. Primeiro, uma mensagem de sua secretária, Adilene, confirmando uma consulta médica. Depois, um pedido de seu amigo Max Brod para dividir os gastos de uma festa surpresa através de um aplicativo. Aos poucos, o caos se instala e atinge seu ápice com um alerta sobre um transplante de cílios em roedores, seguido de uma oferta imobiliária tentadora.
As notificações não param por aí. Kafka é interrompido por um contato equivocado, um antigo colega de escola que parece não perceber que está falando com a pessoa errada. E a lista continua, com mensagens de um amigo, alertas de debate político, orientações de estacionamento para sua consulta e até mesmo dicas de jejum intermitente e fotos de gatos no Instagram.
Toda essa enxurrada de informações e interrupções transformam o momento em um retrato fiel da sociedade contemporânea, onde estamos constantemente conectados e bombardeados por notificações e mensagens, muitas vezes sem relevância alguma. Kafka, ao final de toda essa confusão, se vê transformado em um poema monstruoso, refletindo a agitação e o caos de sua vida moderna.
Assim como Kafka, muitos de nós compartilhamos a experiência de estarmos constantemente conectados e interrompidos por notificações e mensagens. A metamorfose de Kafka, enquanto ficcional, serve como um lembrete do impacto que a tecnologia e a constante conectividade têm sobre nossas vidas diárias. É um reflexo da sociedade moderna e sua turbulência constante, onde estamos frequentemente lutando para manter o equilíbrio entre a vida real e a vida digital.