Mulher indígena de 35 anos morre durante parto após ter pedido de aborto legal negado em Guarapuava, no Paraná.

Mulher indígena morre após ter pedido de aborto negado

Uma mulher indígena, Mirian Bandeira dos Santos, de 35 anos, teve seu pedido de aborto legal negado e acabou falecendo durante o parto, em Guarapuava, no Paraná. Ela já era mãe de dois filhos e alegava ter sido vítima de violência sexual. Mirian teria sido violentada por um ex-companheiro, mas buscou atendimento em uma Unidade Básica de Saúde em Guarapuava, onde foi orientada a procurar a assistência social por estar “extremamente abalada e fragilizada”.

Ela descobriu-se grávida quando já estava com cerca de 20 semanas de gestação. Um pedido de aborto legal foi encaminhado para o Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná, mas foi negado, alegando que o tempo gestacional já estava avançado. Ela foi novamente impedida de realizar o procedimento em meio ao embate da Defensoria Pública do Paraná com a administração municipal de Guarapuava.

Um defensor da causa afirmou que Mirian teve a vida devastada por uma violência sexual, por uma violência do Estado e por todas as barreiras que foram impostas a ela. Segundo informações, Mirian foi abordada por agentes públicos de assistência social, que teriam demonstrado preocupação com o procedimento e feito alertas de que ela poderia ser “processada” caso seguisse adiante.

Foi marcada uma vaga para um procedimento do aborto legal, mas Mirian mudou de ideia após a intervenção de agentes públicos. Ela afirmou que não queria mais realizar o aborto, e logo depois parou de responder à Defensoria Pública. A mídia tentou entrar em contato com o Ministério da Saúde para comentar o caso de Mirian, mas sem obter sucesso.

A Secretaria de Saúde do Paraná também afirmou que a morte da mulher não possui relação com o acesso ao aborto legal previsto em lei. Inclusive, teria havido descoberta tardia da gestação em Mirian e ela teria tido seu pré-natal comprometido. A secretaria defendeu que segue as normas do Ministério da Saúde e reiterou seu comprometimento com a garantia dos princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde, bem como com os direitos das mulheres e da saúde integral das pessoas em situação de violência do Paraná.

O caso de Mirian, que faleceu de embolia pulmonar durante o parto, chamou a atenção para a necessidade de diretrizes mais claras para o acesso ao aborto legal no Brasil. A situação também levanta questionamentos sobre a atuação das instâncias públicas de saúde e assistência social diante de casos de violência sexual envolvendo mulheres. A falta de informação também foi citada como um problema.

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