Ação civil pede remoção de 11 blocos de petróleo da oferta da ANP por falta de análise ambiental, incluindo áreas sensíveis próximo ao Atol das Rocas.

Uma ação civil pública protocolada na manhã desta sexta-feira (17) pede a remoção de 11 blocos para exploração de petróleo da oferta aberta pela ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) devido à ausência de análise ambiental. Os blocos estão localizados na bacia Potiguar, a cerca de 135 km do Atol das Rocas e 252 km de Fernando de Noronha. A ação foi movida pelo Instituto Arayara, uma organização não governamental voltada para temas de transição energética, e trata dos blocos do chamado setor SPOT-AP2, na costa do Rio Grande do Norte. Esses blocos fazem parte do 4º Ciclo de Ofertas Permanentes realizado pela agência, em que constam centenas de blocos que devem ir a leilão no próximo dia 13 de dezembro.

Segundo o instituto, a documentação usada para validar a oferta do ponto de vista ambiental faz referência a uma série de documentos que, na verdade, não analisam os blocos referidos do setor SPOT-AP2. A ANP negou quaisquer irregularidades e afirmou que os órgãos ambientais se manifestam oportunamente, no âmbito da manifestação conjunta, antes da inclusão das áreas no edital. O Ibama foi procurado, mas não comentou a ação até a publicação da reportagem.

A realização do leilão após a COP28, a conferência do clima da ONU que ocorre em Dubai entre 30 de novembro e 12 de dezembro, levanta questões de incoerência política para o governo Lula (PT), que busca ser uma liderança nas negociações climáticas. Além disso, a região onde estão os blocos é ambientalmente sensível, próxima do Atol das Rocas e de Fernando de Noronha, e abriga ecossistemas importantes para a biodiversidade brasileira.

A análise ambiental dos blocos da bacia Potiguar pelo ICMBio apontou a presença de espécies ameaçadas de extinção na região, restrições de profundidade e proximidade dos blocos da costa, e a possibilidade de impactos não mitigáveis sobre a atividade pesqueira artesanal. Diante disso, o Instituto Arayara solicitou a suspensão liminar da oferta dos 11 blocos até a realização de análise ambiental pelos órgãos competentes.

Para a coordenadora de políticas públicas do Observatório do Clima e ex-presidente do Ibama, Suely Araújo, a questão apontada pelo Arayara é grave e motivo para concessão de liminar. A ausência da Avaliação Ambiental de Área Sedimentar (AAAS) nas bacias da margem equatorial brasileira também levanta preocupações, de acordo com Araújo.

Diante do impasse, a decisão da justiça em relação à ação civil pública terá grande impacto tanto no setor de exploração de petróleo quanto na preservação ambiental da região da bacia Potiguar. A espera agora é pela apreciação do pedido de liminar e pela análise ambiental detalhada pelos órgãos competentes para garantir a segurança e a proteção do meio ambiente.

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