Estudo do LaPOpE da UFRJ aponta desafios na qualidade da educação infantil no Brasil, com desigualdades entre redes pública e privada.

Estudo mostra desafios da qualidade da infraestrutura e atividades propostas para a Educação Infantil no Brasil.

O estudo Qualidade da oferta da Educação Infantil no Brasil: análise do Saeb 2021, realizado por pesquisadores do Laboratório de Pesquisa em Oportunidades Educacionais (LaPOpE) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), revelou que a qualidade da infraestrutura das escolas de crianças de 0 a 3 anos e de 4 a 5 anos é um grande desafio em todo o país.

De acordo com os pesquisadores responsáveis pelo estudo, Tiago Bartholo e Mariane Koslinski, financiados pela Fundação Maria Cecília Souto Vidigal (FMCSV), essa foi a primeira coleta de dados em larga escala efetuada nas escolas para essas faixas etárias. Os dados foram coletados a partir do Censo Escolar 2022 e do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) da Educação Infantil de 2021.

Segundo os pesquisadores, a infraestrutura das escolas de Educação Infantil enfrenta desafios em todo o país. Um indicador apontado no estudo é a falta de equipamentos voltados para o público infantil, como tanque de areia, gira-gira, gangorra, escorregador, casinha, balanço e brinquedo para escalar. Escolas das regiões Norte e Nordeste, em média, apresentam 2,2 e 2,1 equipamentos, respectivamente. Já as escolas das regiões Sudeste e Centro-Oeste apresentam quatro equipamentos, e as da região Sul, 4,8. As escolas públicas possuem, em média, 3,2 equipamentos, enquanto as escolas privadas conveniadas têm quatro, e as escolas particulares não conveniadas, 4,3.

Além da infraestrutura, o estudo também abordou a qualidade das atividades propostas e das interações entre professor e as crianças. Os dados indicam que a região Norte e o Nordeste apresentam os piores indicadores, demandando mais investimento para a infraestrutura das escolas.

Em relação aos recursos pedagógicos, o estudo abordou questões como a autonomia das crianças para manusear livros, a frequência desse manuseio e se os professores leem livros para as crianças diariamente. O pesquisador Tiago Bartholo ressaltou a importância da leitura diária de livros e destacou que, em relação à rede pública e privada, há diferenças significativas. Enquanto 72% das crianças da rede pública manuseiam livros diariamente, na rede privada o número chega a mais de 85%.

Os pesquisadores também ressaltaram a importância de mais investimento e atenção para a primeira infância, bem como a necessidade de políticas que visem à melhoria da qualidade da infraestrutura e das atividades pedagógicas oferecidas nas escolas de Educação Infantil em todo o país.

Por fim, os pesquisadores enfatizaram a importância de coletar mais dados sobre os processos pedagógicos que acontecem dentro de sala de aula, a fim de melhorar a qualidade da educação infantil. Eles apontaram a necessidade de políticas públicas que garantam a implementação das estratégias do Plano Nacional de Educação (PNE) e incentivem as secretarias de Educação a investir mais na formação continuada de professores da educação infantil.

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