No início da vida adulta, uma amiga procurou ajuda após ser agredida pelo namorado. A reação inicial foi tentar intervir, mas em pouco tempo eles voltaram a estar juntos. Mesmo depois de saber que as agressões continuavam, a pessoa que ofereceu ajuda se afastou, alegando que, na época, estava envolvida em preconceitos e pensava que a amiga “gostava” da situação.
Infelizmente, este é um pensamento comum. A maioria das pessoas acaba responsabilizando a vítima pela violência da qual ela é alvo, como se as atitudes dela determinassem o ciclo de agressões. Infelizmente, esse é um equívoco, e a sociedade como um todo precisa enxergar a sua parcela de responsabilidade em perpetuar padrões que normalizam abusos físicos, psicológicos e financeiros.
Além das leis que punem crimes contra a mulher, é urgente identificar as falhas de um sistema que ainda não proporciona todas as ferramentas para que vítimas consigam se libertar de relações violentas. Aqui, cabe a todos nós – como agentes dessa transformação – reconhecer e combater essas falhas.
A violência contra a mulher não escolhe classe social, escolaridade ou status financeiro. Ela está presente tanto nas favelas quanto nas mansões à beira-mar. A dependência emocional e/ou financeira e o medo representam barreiras que impedem as vítimas de buscar ajuda ou de escapar dessas situações.
É crucial que estejamos atentos aos sinais e às luzes vermelhas que indicam relações abusivas. Não devemos julgar, mas sim perguntar, ouvir, acolher, dar informações e respeitar o ritmo da vítima. É importante também lembrar que o abuso físico e psicológico não é exclusividade de casais heterossexuais, afetando também pessoas LGBTQ+.
Por fim, é importante ressaltar a importância de oferecer suporte às vítimas. O relato do arrependimento por ter se afastado da amiga que sofreu violência serve como um lembrete para todos nós: devemos estar dispostos a ajudar e acolher as vítimas de violência, sem julgamentos.
Portanto, é necessário reconhecer que o problema da violência contra a mulher vai além do estereótipo, exigindo um esforço coletivo para a promoção de uma sociedade mais justa e igualitária para todos.