Diplomacia brasileira é chave para retirada de brasileiros da Faixa de Gaza em meio a esforços e incertezas.

As negociações para retirar os brasileiros e seus familiares da Faixa de Gaza exigiram esforços da diplomacia brasileira que envolveram desde o presidente da República até os embaixadores do Brasil em Israel, no Egito, na Palestina e até em Nova York, segundo contou o embaixador do Brasil no Egito, Paulino Franco de Carvalho Neto.

Durante uma entrevista à TV Brasil nesta segunda-feira (13), o diplomata relatou que o trabalho das autoridades brasileiras para conseguir repatriar o grupo de 32 pessoas da zona de guerra foi marcado por incertezas. “Foi longo e demorado. Houve muitas incertezas e dúvidas, avanços e recuos. Nós não controlávamos as variáveis como o agravamento do conflito, os bombardeios em Gaza, as preocupações de segurança de todos os países envolvidos, seja Israel, seja o Egito. Então, tudo foi muito lento, impreciso e, ao mesmo tempo, requereu um grande esforço da diplomacia e do governo brasileiro”.

Segundo Paulino, para autorizar a saída de estrangeiros de Gaza foi necessário o envolvimento de países como os Estados Unidos e Catar, que atuaram como intermediários do conflito. A principal dificuldade para autorizar a saída de estrangeiros tinha relação com a segurança. Os países envolvidos queriam ter certeza de que nenhuma dessas pessoas estava ligada a grupos militantes da Faixa de Gaza.

O embaixador também destacou que o processo para autorizar a saída de estrangeiros de Gaza envolveu não apenas o Egito e Israel, mas também as autoridades da Faixa de Gaza, que é controlada pelo Hamas, além de Nova York, nos Estados Unidos, onde fica o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas, que o Brasil presidiu ao longo do mês de outubro, quando os conflitos no Oriente Médio se acirraram.

No entanto, o embaixador não informou se há uma nova lista de pessoas em Gaza que precisariam da atuação do Brasil para deixar a zona de guerra. “Poderá haver, eventualmente, um grupo adicional. Mas essas pessoas desse grupo adicional ainda não manifestaram taxativamente o desejo de ir ou não para o Brasil. Até porque, por mais dramática que seja a situação em Gaza, eles têm a sua vida na região”.

Paulino Franco comentou sobre a mãe e a filha que desistiram, de última hora, de sair de Gaza, explicando que “foram motivos pessoais de foro íntimo. Nós não entramos no mérito disso, nem caberia entrarmos, foi uma decisão pessoal delas. Com isso, o grupo passou de 34 para 32”.

Com a repatriação dos brasileiros e seus familiares, a angústia e o terror vividos nas últimas semanas ficam para trás. A jornada de repatriação, marcada por momentos de tensão, angústia e terror, teve início no dia 7 de outubro e culminou com a travessia da fronteira de Gaza com o Egito no último domingo (12). Foram dias de espera aguardando a inclusão na lista de pessoas autorizadas a atravessar a passagem de Rafah, o que só ocorreu na sétima lista.

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