A questão em questão, de número 177 na prova amarela deste ano, já havia sido aplicada em 2010 na edição voltada para pessoas privadas de liberdade. A identificação da repetição dos itens foi feita por professores da SAS – Plataforma de Educação.
A escassez de questões no Banco Nacional de Itens (BNI), de onde são retiradas as questões do Enem, é uma questão alertada por servidores do Inep há anos. No ano passado, o órgão chegou a produzir um documento prevendo a possibilidade de utilizar itens de edições anteriores para compor o Enem 2022. A estratégia utilizada para contornar a falta de questões foi a reciclagem de itens usados em anos anteriores, com correções para torná-los adequados.
Cada item do Enem custa entre R$ 2.000 e R$ 3.000 para ser elaborado, pois passam por um processo extenso que envolve especialistas de cada área, revisores e pré-testes. Desde 2009, quando o Enem adquiriu o formato de vestibular, a dificuldade de produzir itens suficientes para compor a prova tem sido um desafio. Durante os primeiros anos do governo Bolsonaro, não foram produzidas novas questões para compor o BNI, o que agravou ainda mais o problema.
As falhas no processo de elaboração e seleção de questões para o Enem levantam questões sobre a qualidade e confiabilidade do exame, que é uma porta de entrada para milhares de estudantes que desejam ingressar no ensino superior. A recorrência de questões já aplicadas em edições anteriores compromete a credibilidade e a equidade do exame, o que exige atenção das autoridades responsáveis pela sua organização.