Invasões em terras indígenas no Pará incluem propriedades de mais de mil hectares e presença de políticos e fornecedores de frigoríficos.

A invasão das terras indígenas Apyterewa e Trincheira Bacajá, localizadas no Pará, tem sido alvo de relatos, fotos e documentos que revelam a presença de propriedades de mais de 1.000 hectares, fazendas, casas com acesso à internet, caminhonetes e tratores caros, além de queimadas intencionais. A situação foi confirmada pelos responsáveis pela operação de desintrusão, que consiste na retirada de não indígenas do local.

Segundo o Ministério Público Federal (MPF) no Pará, políticos e fornecedores de grandes frigoríficos estão entre os suspeitos de crimes ambientais cometidos nas áreas invadidas. A ex-vice-prefeita da cidade de São Felix do Xingu, Cleidimar Gama Rabelo, conhecida como Cleidi Capanema, foi denunciada por ser proprietária de uma fazenda dentro da terra indígena e por movimentar mais de 1.500 cabeças de gado ilegalmente no território. Ela, no entanto, não respondeu aos questionamentos da reportagem.

Além disso, fornecedores de grandes frigoríficos e ex-técnicos do governo do Pará também estão envolvidos na invasão, de acordo com a denúncia do MPF. Em outubro, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva iniciou uma operação de desintrusão no território, em um esforço para conter a invasão ilegal.

A presença ilegal de invasores nas terras indígenas causa preocupação, uma vez que a Apyterewa foi a Terra Indígena mais desmatada durante o governo de Jair Bolsonaro e sofre com a atuação ilegal de garimpeiros, madeireiros e criadores de gado. No entanto, a operação de desintrusão foi paralisada devido à forte pressão política no estado.

Pessoas envolvidas na operação apontam a interferência do governador do estado, Helder Barbalho, e o encontro dele com o ministro Rui Costa, como exemplos da pressão política exercida sobre a operação. Barbalho é um aliado importante de Lula e a capital do estado, Belém, foi selecionada para sediar a COP 30, a conferência do clima da ONU.

A presença ilegal de invasores não indígenas nas terras indígenas Apyterewa e Trincheira Bacajá é preocupante, uma vez que ameaça a preservação da floresta e o modo de vida dos povos indígenas. A operação de desintrusão é fundamental para garantir a proteção das terras indígenas e a preservação do meio ambiente. A paralisação da operação representa um obstáculo significativo no combate à invasão ilegal e no cumprimento do direito dos povos indígenas à sua terra e modo de vida tradicional. A pressão política sobre a operação revela a complexidade e sensibilidade do tema, exigindo a cooperação de diversas instâncias do poder público para assegurar a efetiva proteção das terras indígenas.

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