Carolina de Jesus nasceu em Sacramento, e aos 23 anos, em 1937, deixou a cidade mineira. A iniciativa do novo memorial tem como objetivo acolher melhor o acervo da escritora, que atualmente está em um local com condições inadequadas para preservar o material e permitir o acesso ao público. O prédio onde está parte dos manuscritos de Carolina é uma antiga cadeia, o que levou Vera Eunice a ironizar a condição da escritora: “Eles falam que é um arquivo, mas está na prisão”.
Para Vera, é de extrema importância reunir todo o acervo da autora, como fotos e manuscritos, que estão com as famílias de pessoas que participaram de processos de edição e publicação. Ela enfatiza que a disponibilidade do material ao público é essencial, afirmando que não quer nada para si, mas sim para todos os brasileiros, indígenas, meninas detentas com problemas psiquiátricos, mães solo, negras, brancos e estrangeiros.
Parte do material está no Museu Afro Brasil, em São Paulo, onde, na opinião de Vera, está bem conservado. Ela acrescenta que não quer que os originais fiquem em gavetas, guarda-roupa, ou em sua casa, mas disponíveis para o público.
A escritora Carolina Maria de Jesus, que faleceu em 1977, era moradora da favela do Canindé, em São Paulo, e seu livro “Quarto de Despejo: Diário de uma Favelada”, publicado em 1960, teve três edições, com um total de 100 mil exemplares vendidos, tradução para 13 idiomas e vendas em mais de 40 países. Ela também publicou o romance “Pedaços de Fome” e o livro “Provérbios”, ambos em 1963.
A filha de Carolina Maria de Jesus, Vera Eunice, foi a palestrante da primeira mesa da I Feira Literária Afro-Brasileira Carolina Maria de Jesus, do Museu Afro Brasil, que ocorreu neste fim de semana e contou com a presença de diversas editoras independentes e programação cultural. O evento teve a participação de escritores, quadrinistas, contação de histórias e discotecagem na área externa do museu, proporcionando um espaço de celebração e reflexão sobre a literatura afro-brasileira.
