Urbanização em áreas de risco triplica em 38 anos, atingindo 123 mil hectares em 2022, aponta levantamento.

O avanço da urbanização em áreas de risco no Brasil tem sido alarmante, com um crescimento triplicado em 38 anos, atingindo a marca de 123 mil hectares em 2022. Esse crescimento é ainda mais preocupante quando se trata das favelas, onde a situação é ainda mais crítica, com 18% da área urbana total localizada em zona de risco.

Segundo um levantamento da plataforma MapBiomas sobre áreas urbanizadas no Brasil, a ocupação de áreas vulneráveis a inundações quadruplicou desde 1985, chegando a 425 mil hectares. Além disso, a expansão da urbanização em favelas tem sido mais rápida e não tem sido acompanhada por políticas de infraestrutura que ajudem a proteger a população.

Isso tem levado o país a enfrentar um aumento nos registros de desastres naturais desde 1991, com o recorde da década de registros relacionados a chuvas atingido em 2022. E o cenário não parece melhorar em 2023, com episódios como as chuvas em São Sebastião, no litoral paulista, e as inundações no Rio Grande do Sul indicando que a população continua em risco e a demanda por medidas de proteção se torna cada vez mais urgente.

De acordo com Julio Pedrassoli, professor da UFBA e um dos coordenadores do mapeamento de áreas urbanizadas do MapBiomas, o enfrentamento dessa situação é complexo, mas é necessário oferecer opções de moradia em áreas seguras para que as pessoas não ocupem áreas de risco. No entanto, é importante considerar que muitos brasileiros estão excluídos do mercado formal de moradia, como o financiamento de imóveis.

Além disso, o Brasil precisa lidar com o passivo de pessoas que já ocupam áreas de risco, buscando realocação ou obras de infraestrutura que garantam alguma segurança. O foco deve ser preservar as pessoas no local, devido aos vínculos afetivos, sociais e profissionais.

Frente a um cenário de desastres cada vez mais frequentes, Pedrassoli afirma que o Brasil deve compreender a mudança climática como uma pauta central, equiparando-a à discussão sobre fome e pobreza. Isso envolve pensar em desmatamento zero, mobilidade com foco em transporte público e renaturalização dos rios para que as cidades estejam adaptadas.

Portanto, é urgente investir em fiscalização e organização da ocupação do solo para frear o risco de perda de vidas nos próximos anos. Os dados apontam que as ocupações suscetíveis a desastres cresceram muito mais nas cidades médias e pequenas, tornando essas regiões ainda mais vulneráveis. A proteção da população e a garantia de condições seguras de moradia devem ser uma prioridade para os governos em todo o país.

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