Empresas antirracistas são um paradoxo, afirma coordenador de direitos humanos do Ministério da Cidadania em seminário da Folha.

A existência de uma empresa antirracista é um paradoxo. Essa é a avaliação do coordenador-geral de direitos humanos e empresas do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, Luiz Gustavo Lo-Buono. Segundo ele, as ações de inclusão e equidade racial promovidas por grandes corporações expõem a limitação na compreensão de como o racismo opera.

As declarações foram feitas durante o seminário Inclusão e Equidade Racial nas Empresas, promovido pela Folha e patrocinado pela Vale. O debate mediado por Flavia Lima, secretária-assistente de Redação e editora de Diversidade do jornal, abordou a necessidade de reestruturação dos critérios para promover inclusão e equidade racial nas empresas.

Lo-Buono ressaltou a importância do papel do Estado na construção de leis, diretrizes e políticas públicas para estimular a iniciativa privada a adotar ações afirmativas. Ele citou o Estatuto da Igualdade Racial, de 2010, que tem caráter de lei e prevê a criação de ações afirmativas, além de um projeto de lei que trata dos deveres das corporações frente aos direitos humanos.

Luciene Cristina, gerente de Comunicação da Vale, destacou que a diversidade e a inclusão de grupos minorizados são pilares da mineradora. Em 2019, a empresa assumiu o compromisso público de aumentar o número de pessoas negras, com deficiência, LGBTQIA+, entre outros, entre seus funcionários. A Vale estabeleceu metas para aumentar o número de funcionários negros na liderança média e sênior da empresa e implementar ações afirmativas para promover habilidades e competências.

José Eduardo Santos, sócio da consultoria KPMG, enfatizou que empresas com pluralidade entre os funcionários têm vantagem competitiva. Segundo ele, a inclusão e a diversidade fazem todo sentido em um mundo complexo. Santos ressaltou a importância do compromisso das empresas em promover ações de diversidade vinculadas à sua estratégia e cultura organizacional.

Natalia Paiva, diretora-executiva do Mover (Movimento Pela Equidade Racial), enfatizou a importância do compromisso da alta liderança das empresas para promover a transformação. O Mover, fundado em 2021, tem a meta de alcançar 10 mil novas posições de liderança para pessoas negras até 2030 e gerar 3 milhões de oportunidades por meio de cursos, capacitações e conexões com empreendedores.

A diversidade e a inclusão racial foram destacadas como aspectos fundamentais para promover a mudança e destravar empecilhos que possam impedir a transformação no ambiente corporativo. Empresas como Coca-Cola Brasil, Colgate-Palmolive, CSN, Danone, Descomplica, Vale, McKinsey & Company e PwC Brasil são algumas das signatárias do compromisso em promover a igualdade racial.

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