As reservas foram criadas pelo Serviço de Proteção aos Índios (SPI) no início do século 20, com o objetivo de liberar terras indígenas para exploração econômica, reduzindo a população indígena a pequenos espaços. Damiana tentou repetidamente retornar a Apyka’i, mas todas as tentativas resultaram em despejos, incluindo o último em 2016, que a forçou a viver nas margens da BR 463.
Ao longo dos anos, Damiana enfrentou a perda de oito parentes por atropelamento, o suicídio de três outros familiares, e a morte de uma anciã de sua comunidade por envenenamento, evidenciando a tragédia e o sofrimento extremo vividos pelos guarani-kaiowá em Mato Grosso do Sul devido à expropriação de terras e à inoperância do Estado na demarcação de territórios.
Mesmo diante de todas as adversidades, Damiana perseverou, enfrentando ameaças e violência, mas sem nunca perder a esperança de ver seu território demarcado. Ela faleceu em 7 de novembro após sentir-se mal em casa, sendo levada ao hospital da Missão Caiuá em Dourados, onde veio a óbito. Nos últimos anos, Damiana repetia sua vontade de ser enterrada em Apyka’i, o lugar que lhe foi negado de viver.
Seu legado de força, coragem e esperança viverá na memória de sua família, comunidade e de todos aqueles que tiveram a oportunidade de aprender com sua história e sabedoria. Damiana deixa um exemplo de luta a ser seguido e uma mensagem de resistência que ressoará entre os guarani-kaiowá e além. Sua partida deixa um vácuo, mas também fortalece o compromisso de todos que trabalham pela justiça e demarcação das terras indígenas no Brasil.
O funeral de Damiana Cavanha é um testemunho da injustiça enfrentada pelos povos indígenas, mas também da determinação e resiliência que ela personificou ao longo de sua vida. Que seu legado inspire e mobilize todos aqueles que lutam ao lado dos povos originários do Brasil.
Os familiares de Damiana podem ser contatados através do e-mail [email protected]. Os anúncios de morte e missa podem ser acessados nos links fornecidos.