Segundo o presidente da Fisesp, Marcos Knobel, as mídias sociais têm contribuído para “escancarar o antissemitismo”, permitindo que as pessoas se tornem mais corajosas para expor e destilar o veneno de ódio. Ele também afirmou que a entidade não tolerará qualquer episódio de antissemitismo e que aqueles que praticarem crimes de racismo ou antissemitismo terão que responder legalmente.
Dentro das denúncias apresentadas, foram destacadas mensagens em redes sociais de apologia ao nazismo e ao extermínio dos judeus, com citações ao líder nazista Adolf Hitler. Também foram divulgadas imagens de atos como a queima da bandeira de Israel e um cartaz que compara o nazismo ao sionismo. O movimento sionista, surgido como uma forma de resolver a questão do antissemitismo através da formação de um estado-nação exclusivamente dos judeus, ganhou força após o fim da Segunda Guerra Mundial.
Marcos Knobel enfatizou que a guerra atual deixou claro que “antissionismo é antissemitismo”, defendendo Israel como o lar nacional do povo judeu. Daniel Bialski, vice-presidente da Conib, afirmou que o antissionismo é o mesmo que antissemitismo e que quando se compara o sionismo ao nazismo, ou se diz que Israel é um estado genocida, está se praticando o antissemitismo.
No entanto, especialistas ouvidos pela Agência Brasil divergem sobre a questão. Para o pesquisador Bruno Huberman, críticas a Israel e à política do governo israelense não podem ser consideradas manifestações de antissemitismo à priori. Ele destacou que o projeto sionista avançou através da colonização da Palestina até a criação do Estado de Israel em 1948, representando um projeto nacionalista de parcela dos judeus. Além disso, ressaltou que a crítica a esse projeto não configura antissemitismo.
Por sua vez, o israelense Shajar Goledwaser defende que Israel não representa todos os judeus, afirmando que o sionismo é apenas uma fase na história judaica e que o estado deve ser laico e democrático. A cientista política Natalia Calfat destacou que as críticas a Israel surgem em decorrência do caráter expansionista do sionismo e da política empreendida pelo governo israelense, frisando a importância de diferenciar antissionismo de antissemitismo.
Diante desse contexto, é evidente a necessidade de um debate amplo e democrático, promovendo a compreensão das diferentes perspectivas e promovendo o respeito mútuo entre todas as partes envolvidas nesse complexo embate político e social.