Polícia Científica de São Paulo analisa drogas K e aponta presença de 19 tipos de substâncias entorpecentes misturadas a chás e ervas.

Análises realizadas pela Polícia Científica de São Paulo revelaram que as drogas conhecidas como K, consumidas na capital paulista, costumam conter pelo menos 19 tipos de substâncias entorpecentes. Essas substâncias são misturadas a chás, ervas e temperos, principalmente erva-doce e camomila. Conhecidas como K2 e K9, essas drogas são mais potentes do que o crack e têm apresentado um aumento significativo no seu consumo na cidade.

De acordo com a Secretaria Municipal da Saúde, foram registradas 853 notificações de casos suspeitos de intoxicação por canabinoides sintéticos, com 10 mortes suspeitas de intoxicação. Em 2022, foram registrados 99 casos, o que revela um aumento preocupante no consumo dessas drogas.

Uma das principais dificuldades em combater o consumo está relacionada à falta de conhecimento sobre como as drogas são produzidas, já que geralmente são feitas a partir de uma mistura de substâncias. A substância mais utilizada na produção dessas drogas é o MDMB-4en-PINACA, com 966 detecções.

Segundo o professor de toxicologia da Unicamp, José Luiz da Costa, os canabinoides sintéticos atuam no sistema nervoso central, no cérebro, da mesma maneira que o THC da maconha atua. Esses canabinoides não estão presentes na Cannabis sativa e são utilizados apenas como drogas de abuso.

Outras substâncias detectadas nas drogas K foram o MDA, relacionado ao ecstasy, a anfetamina e o MDMA. O aumento do consumo das drogas K tem gerado preocupação entre as autoridades, pois seu efeito intenso e de curta duração leva o usuário a querer consumir mais. Além disso, a presença de uma grande quantidade de moléculas diferentes nas drogas sintéticas causa preocupação entre os peritos, uma vez que tanto o traficante quanto o usuário desconhecem a composição exata do que estão consumindo.

Segundo Alexandre Learth Soares, diretor do Núcleo de Exames de Entorpecentes da Polícia Científica, as apreensões dessas drogas têm se espalhado pela cidade e há o temor de que elas se tornem tão nocivas quanto o crack, afetando principalmente a população mais vulnerável. No entanto, o especialista destaca que o combate ao consumo dessas drogas permanece como um desafio, dada a sua crescente presença no mercado e suas características potencialmente prejudiciais.

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