De acordo com a Secretaria Municipal da Saúde, foram registradas 853 notificações de casos suspeitos de intoxicação por canabinoides sintéticos, com 10 mortes suspeitas de intoxicação. Em 2022, foram registrados 99 casos, o que revela um aumento preocupante no consumo dessas drogas.
Uma das principais dificuldades em combater o consumo está relacionada à falta de conhecimento sobre como as drogas são produzidas, já que geralmente são feitas a partir de uma mistura de substâncias. A substância mais utilizada na produção dessas drogas é o MDMB-4en-PINACA, com 966 detecções.
Segundo o professor de toxicologia da Unicamp, José Luiz da Costa, os canabinoides sintéticos atuam no sistema nervoso central, no cérebro, da mesma maneira que o THC da maconha atua. Esses canabinoides não estão presentes na Cannabis sativa e são utilizados apenas como drogas de abuso.
Outras substâncias detectadas nas drogas K foram o MDA, relacionado ao ecstasy, a anfetamina e o MDMA. O aumento do consumo das drogas K tem gerado preocupação entre as autoridades, pois seu efeito intenso e de curta duração leva o usuário a querer consumir mais. Além disso, a presença de uma grande quantidade de moléculas diferentes nas drogas sintéticas causa preocupação entre os peritos, uma vez que tanto o traficante quanto o usuário desconhecem a composição exata do que estão consumindo.
Segundo Alexandre Learth Soares, diretor do Núcleo de Exames de Entorpecentes da Polícia Científica, as apreensões dessas drogas têm se espalhado pela cidade e há o temor de que elas se tornem tão nocivas quanto o crack, afetando principalmente a população mais vulnerável. No entanto, o especialista destaca que o combate ao consumo dessas drogas permanece como um desafio, dada a sua crescente presença no mercado e suas características potencialmente prejudiciais.