Diante desses problemas, surge a discussão sobre a viabilidade de enterrar os fios de distribuição de energia, uma medida que garantiria maior segurança e evitaria interrupções no fornecimento em casos de eventos naturais. No entanto, de acordo com a Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee), os custos para implantação dessa rede subterrânea são oito vezes maiores do que os da rede tradicional, o que poderia resultar em tarifas mais altas para os consumidores.
Atualmente, o Brasil conta apenas com redes elétricas subterrâneas em localidades pontuais, como centros históricos, não havendo nenhuma cidade onde essa infraestrutura seja representativa. O presidente da Abradee, Marcos Madureira, ressaltou a importância de considerar os custos envolvidos nesse tipo de investimento, para que a população tenha conhecimento sobre o impacto nas tarifas de energia.
Madureira também observou que eventos naturais adversos, como tornados e enchentes, têm se tornado cada vez mais frequentes, o que demanda medidas para mitigar os impactos aos agentes e consumidores do setor elétrico. Ele destacou o aumento dos investimentos em automação das redes elétricas, o que possibilita uma resposta mais rápida e automática a falhas no fornecimento de energia.
No caso específico da última sexta-feira em São Paulo, Madureira classificou o evento como “extraordinário” e ressaltou que as concessionárias não poderiam ter previsto os danos causados pelas chuvas. Portanto, espera-se que a agência reguladora do setor, a Aneel, analise de forma especial as ações tomadas e os custos incorridos pelas empresas.
Quanto à demora na recomposição do fornecimento de energia aos consumidores, Madureira afirmou que as concessionárias estão trabalhando diligentemente para garantir a segurança dos clientes. Nesse sentido, várias equipes foram enviadas a campo para realizar os religamentos e garantir que todos os procedimentos de segurança fossem seguidos.
O Procon-SP e a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon) enviaram notificações às distribuidoras de energia que atuam em São Paulo, exigindo explicações sobre as medidas tomadas para atender os consumidores durante o período de problemas no fornecimento. Ambos os órgãos estão atentos à situação e monitorando a conduta das empresas responsáveis pela distribuição de energia elétrica.