Chuvas intensas e inadequações urbanas aumentam risco de queda de árvores em São Paulo

No último final de semana, a cidade de São Paulo foi atingida por uma forte tempestade que resultou em várias quedas de árvores. De acordo com o Corpo de Bombeiros da Polícia Militar, foram registrados 528 chamados para quedas de árvores apenas na madrugada de sábado até o início da tarde. A Defesa Civil também foi acionada e realizou 44 atendimentos durante todo o período do temporal.

Mas por que as árvores caem com tanta frequência na cidade? Segundo a engenheira agrônoma Andressa Rhein, coordenadora da Divisão de Arborização Urbana da SVMA (Secretaria do Verde e Meio Ambiente) de São Paulo, as árvores são organismos vivos que interagem com o meio ambiente e estão sujeitas a diversas interferências nas cidades, como podas inadequadas, colisões com veículos e falta de espaço para crescimento adequado.

Um problema recorrente é a ocupação das vias pelas raízes das árvores, que danificam calçadas e impedem a passagem dos pedestres. Além disso, o asfalto que recobre a parte subterrânea das árvores afeta as trocas de gases e nutrientes, prejudicando o seu desenvolvimento. Essas condições podem levar ao enfraquecimento das árvores, tornando-as mais suscetíveis a quedas durante tempestades com ventos fortes.

Outro fator que contribui para as quedas frequentes de árvores em São Paulo é a falta de profissionais capacitados para realizar a poda e o diagnóstico adequado das árvores em risco. Esses serviços são de responsabilidade da Defesa Civil, porém, a falta de recursos e pessoal dificulta o monitoramento e a manutenção das árvores em toda a cidade.

As árvores mais afetadas pelos temporais e também alvo de reclamações são as tipuanas e figueiras, algumas das quais são centenárias e apresentam riscos devido ao envelhecimento natural. O Plano Municipal de Arborização Urbana prevê ações para avaliação de risco de queda e manejo adequado das árvores em situações de emergência, porém, o monitoramento das ocorrências continua a ser realizado pela Defesa Civil.

Além de todos os problemas causados pelas quedas de árvores, é importante ressaltar que a arborização urbana desempenha um papel fundamental na garantia de uma boa qualidade do ar e na regulação da temperatura. A manutenção de áreas verdes também contribui para evitar danos à saúde e pode reduzir anualmente cerca de 11 mil mortes associadas à poluição.

Por fim, é importante destacar que o aumento da temperatura global nos últimos anos tem contribuído para o aumento das ocorrências de eventos climáticos extremos, como as fortes chuvas e ventos que atingiram São Paulo no último final de semana. As árvores, assim como todos os seres vivos, também são vítimas das mudanças climáticas e não há ents para salvá-las.

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