Tensão e violência persistem na Santa Ifigênia devido à cracolândia, com prejuízos e medo entre comerciantes

Comerciantes da Santa Ifigênia, bairro localizado no centro de São Paulo, vivem uma rotina marcada por tensão e desesperança desde a instalação da cracolândia na região. Apesar do reforço policial, a violência continua sendo uma realidade e os episódios se repetem com frequência. Recentemente, dependentes químicos invadiram e saquearam uma assistência técnica de celulares, causando um prejuízo de R$ 80 mil.

Os comerciantes estão exaustos e muitos já pensam em fechar seus estabelecimentos devido à falta de segurança e ao medo que a situação da cracolândia gera nos clientes. Walter Vaz de Lima, dono de uma loja de equipamentos de áudio na rua dos Andradas há mais de 20 anos, desabafa: “Essa situação é absurda, eu mesmo logo vou cair fora daqui, porque o lugar não me dá segurança, e os clientes têm medo de vir. É um sufoco”.

Atualmente, o fluxo de dependentes químicos se alterna entre duas ruas da região: durante o dia, eles se concentram na rua dos Protestantes, e à noite se deslocam para a rua dos Gusmões. Essa movimentação tem causado uma redução do horário de funcionamento do comércio local, já que os lojistas temem o que pode acontecer durante a circulação dos usuários de drogas.

A presença da Polícia Militar e da Guarda Civil Metropolitana tem sido intensificada nas ruas do bairro, mas mesmo assim os criminosos conseguem agir e cometer delitos. Antônio Francisco da Costa, dono de uma loja de circuitos eletrônicos, relatou que acabaram de roubar o celular de um rapaz próximo ao seu estabelecimento. Segundo ele, atualmente há mais usuários de drogas do que clientes na região.

A situação tem impactado diretamente o comércio local, que registrou uma queda de aproximadamente 40% no faturamento ao longo do último ano. Muitos comerciantes tiveram que encerrar suas atividades, enquanto outros tentam se manter abertos graças à clientela antiga. Para tentar melhorar a sensação de segurança, alguns lojistas contrataram serviços de segurança particular.

Pâmela Cheda, funcionária de uma loja na rua dos Andradas, afirma que não quer deixar a região onde nasceu e espera que a situação melhore. Segundo ela, os casos de violência geralmente ocorrem após ações da Guarda Civil Metropolitana.

Conforme um sistema de monitoramento do governo municipal, a cracolândia é mais movimentada durante a noite. Em outubro, aproximadamente 628 pessoas frequentavam diariamente o local no período da tarde. Essa informação reforça a percepção de moradores e comerciantes de que a noite é o horário mais perigoso, pois o policiamento é reduzido nesse período.

Recentemente, um motorista acelerou contra a aglomeração de dependentes químicos e atropelou 16 pessoas, após suposta tentativa de assalto. Após esse incidente, a Prefeitura de São Paulo cercou a cracolândia com grades durante a noite, a fim de proteger os usuários de drogas e os motoristas que transitam pela região.

A Secretaria de Segurança Pública (SSP) afirmou que a recuperação da área central da cidade é uma das prioridades da atual gestão e que o policiamento foi reforçado com 120 policiais militares e outras 1.500 vagas pela Atividade Delegada. A SSP também está realizando diligências para identificar os participantes do saque ocorrido na assistência técnica.

A gestão Tarcísio de Freitas informou que monitora as cenas abertas de uso de drogas e, na última semana de análise, foram realizadas 61 prisões em flagrante e capturados 27 procurados pela Justiça. Além disso, houve uma queda de 52% nos roubos e 36% nos furtos em comparação com a primeira semana de análise. De acordo com a nota divulgada, a gestão está empenhada em melhorar a segurança na região da cracolândia.

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