Rafaelly relatou que enquanto estava na entrevista para obtenção do visto, ela foi abruptamente interrompida e ouviu do funcionário do consulado a frase “Dessa vez você não vai”, ao se declarar uma mulher trans. Após questionar a negativa, recebeu uma carta com a resposta protocolar de que sua solicitação não poderia ser reconsiderada pois ela não possuía vínculos com o Brasil que garantiriam seu retorno ao país. A ativista se sentiu discriminada e afirma que foi vítima de preconceito e transfobia estrutural.
Dentre os motivos que levaram à reprovação de Rafaelly, o consulado citou a falta de vínculos com o país. No entanto, a ativista possui família e residência fixa no Brasil, fatores que, segundo ela, não foram considerados pela instituição. Rafaelly registrou uma denúncia à OEA em janeiro deste ano, relatando a falta de políticas e leis específicas que protejam cidadãos brasileiros trans menores de 18 anos. A audiência pública marcada para discutir os direitos das crianças trans no Brasil é uma tentativa de solicitar o apoio da OEA para a criação de instrumentos legais que garantam a proteção dessas crianças. Embora a OEA e a CIDH não possuam poder direto sobre a legislação de outros países, elas podem fazer recomendações ao governo brasileiro sobre o tema.
Após o ocorrido, Rafaelly afirmou que continuará lutando pela causa em prol das crianças e adolescentes trans e espera que mudanças sejam feitas no atendimento prestado pelo consulado. Ela acredita que é necessário que os funcionários ouçam as pessoas e considerem seus documentos, pois todas têm direito a serem tratadas com respeito e igualdade. A ativista ainda destacou que “também sou gente” e merece ter seus direitos garantidos. Agora, ela aguarda uma autorização específica para viagens de eventos e busca chamar a atenção das autoridades para o seu caso. Sua intenção é embarcar no sábado (4) e participar da audiência na próxima semana.