Halloween: As Controvérsias Religiosas e Culturais em Torno da Celebrada Data Estrangeira

O Halloween, também conhecido como Dia das Bruxas, é alvo de críticas por parte de setores conservadores do cristianismo. O Instituto HeSed, de orientação católica, alerta todos os anos sobre a ameaça que a celebração representa para as famílias. O irmão Luís Maria, membro do grupo, destaca a realização de uma sessão de fotos em uma escola no Nordeste, onde foram utilizados símbolos associados ao satanismo, como velas vermelhas e pretas, cruz de cabeça para baixo e pentagrama.

Essas festas, que ocorrem todos os anos no dia 31 de outubro, têm causado irritação entre líderes católicos e evangélicos devido às suas origens pagãs. O Halloween é visto por muitos como uma celebração estrangeira, importada dos Estados Unidos, e associada a práticas ocultistas.

O Instituto HeSed tem aproveitado a oportunidade para publicar vídeos e alertar sobre os perigos do Halloween. Em 2016, destacou que a celebração ocorre na véspera do Dia de Todos os Santos, uma data importante no calendário católico. Propôs, então, que as crianças se fantasiassem de santos ao invés de adotar costumes relacionados ao satanismo.

Até mesmo o Vaticano já se manifestou contrário às comemorações do Halloween. O papa Bento 16 afirmou que a festa tem “um pano de fundo de ocultismo e é absolutamente anticristã”. Essa postura foi mantida sob o papado de Francisco, que se referiu ao “desafio do Halloween” em um texto de 2021.

Entre os evangélicos, a resistência ao Halloween é ainda maior, pois eles não veneram santos. O pastor Silas Malafaia, por exemplo, recomenda manter distância da celebração e alerta para a contratação de satanistas na criação de filmes de terror.

No entanto, nem todos os evangélicos têm a mesma visão sobre o tema. O pastor Pedrão, da Comunidade Batista do Rio, considera que o Halloween pode ser celebrado como uma simples festa à fantasia, desde que não haja comprometimento com as práticas ocultistas.

A aversão ao Halloween também se manifesta no âmbito público. Este ano, o prefeito de Pontes e Lacerda, no Mato Grosso, proibiu a comemoração do Dia das Bruxas nas escolas municipais, alegando que não faz parte da cultura brasileira. Essa posição encontra respaldo em grupos à esquerda, que rejeitam a festa por considerá-la uma importação norte-americana. Eles preferem celebrar o Dia do Saci, como forma de contraponto ao Halloween.

Em meio a todas essas polêmicas, é importante lembrar que o Halloween tem suas raízes na cultura celta, muito antes do advento do cristianismo. Era uma festa que celebrava o fim do verão e o início do novo ano, com crenças baseadas nos elementos da natureza.

Tânia Gori, presidente da Associação Brasileira de Bruxaria, critica a intolerância em relação ao Halloween e destaca a falta de compreensão em relação a essa celebração, que atualmente assume diferentes formatos, desde a ligação com o Dia de Todos os Santos até a simples diversão de se fantasiar com trajes assustadores. Para ela, não faz sentido o preconceito em relação ao Halloween, já que a celebração do Natal também não é originária do Brasil.

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