Seguindo uma resolução aprovada na última sexta-feira (27) pela Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU), que determinava o cessar-fogo imediato, Netanyahu rejeitou a proposta alegando que este é o “tempo da guerra”, citando a Torá, livro sagrado do judaísmo.
Antes de falar com a imprensa, o primeiro-ministro usou as redes sociais para demonstrar solidariedade a três mulheres sequestradas pelo Hamas. As mulheres apareceram em um vídeo divulgado pelo grupo nesta segunda-feira, criticando a inação do governo israelense em relação a reféns.
O Hamas, grupo islâmico que controla a Faixa de Gaza, propôs a troca dos cerca de 200 reféns por presos políticos. Segundo a ONU, há mais de 5 mil palestinos em prisões israelenses, incluindo 160 crianças, sendo que 1,1 mil deles foram detidos sem acusação ou julgamento.
Netanyahu exigiu a libertação imediata de todos os reféns e reiterou a necessidade de evacuação da população civil no norte da Faixa de Gaza. Ele afirmou que o governo está se esforçando para evitar vítimas civis, oferecendo suporte humanitário, como alimentos, água e medicamentos.
No entanto, relatos de brasileiros presentes na região contradizem as declarações de Netanyahu. Segundo Hasan Rabee, uma das 34 pessoas que aguardam por resgate do governo brasileiro em Khan Yunis, cidade ao sul da Faixa de Gaza, o prédio ao lado onde os brasileiros se encontram abrigados foi bombardeado nesta segunda-feira (30), obrigando-os a evacuar a área.
Rabee e outros brasileiros também relatam a escassez de água e alimentos na região, com filas de até 5 horas para conseguir um único pão. Além disso, um depósito de alimentos da ONU foi invadido, o que representa um sinal preocupante de que a ordem civil está começando a ruir após três semanas de guerra.
Diante desse cenário, o Ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, conversou com o Secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, para discutir novas tentativas de acordo no Conselho de Segurança da ONU em relação ao conflito. Até o momento, quatro propostas de resolução foram apresentadas, mas foram vetadas pelos Estados Unidos e pela Rússia.
A violência também se intensificou na Cisjordânia, território palestino não controlado pelo Hamas, com 121 pessoas mortas por colonos ou pelas forças armadas israelenses. No mesmo período, mais de 1,4 mil israelenses foram mortos, a maioria no dia 7 de outubro.
Desde o início da crise, mais de 8 mil palestinos morreram em Gaza, sendo sete em cada dez vítimas mulheres e crianças. Cerca de 1,4 milhão de pessoas estão desabrigadas na região, representando aproximadamente 60% da população de Gaza.
Essa situação reforça a urgência de uma solução para o conflito entre Israel e Palestina, assim como a busca por esforços humanitários para amenizar o sofrimento da população civil local.