De acordo com o relatório, as temperaturas médias da superfície do mar atingiram um recorde de 21,1°C em abril, e várias regiões experimentaram ondas de calor intensas entre junho e agosto. Esse recorde superou o anterior de 21°C, registrado em 2016.
As ondas de calor marinhas estão ocorrendo com mais frequência em todo o mundo, exceto no oceano Austral. Esses eventos estão se tornando mais comuns, ocorrendo em média a cada cinco a dez anos. Por outro lado, os períodos de frio marinho estão se tornando cada vez mais raros, ocorrendo apenas uma vez a cada cinco anos.
O mais preocupante é que essas ondas de calor marinhas estão ocorrendo em locais que antes não eram considerados propensos a esses eventos, como ao redor das Ilhas Britânicas. Daniela Schmidt, da Universidade de Bristol, destacou que não é apenas a frequência que é preocupante, mas também a ocorrência dessas ondas de calor em regiões inesperadas.
Essas ondas de calor marinhas representam uma ameaça para uma ampla variedade de espécies marinhas, incluindo corais, ervas marinhas, peixes e aves. Elas podem causar o branqueamento dos corais, alterar as comunidades de peixes e deteriorar as estruturas físicas dos recifes. Além disso, os efeitos dessas ondas de calor podem ter consequências graves para as cadeias alimentares marinhas.
O relatório também destaca a rápida diminuição do gelo marinho, tanto na Antártida quanto no Ártico. No Ártico, a área coberta pelo gelo marinho diminuiu em 3,5 milhões de quilômetros quadrados desde 1979, uma área sete vezes maior que a da Espanha. Já na Antártida, o gelo marinho atingiu seu menor nível registrado nos meses de maio e junho, perdendo uma área sete vezes maior que a da Polônia.
A redução do gelo marinho é preocupante, pois ele desempenha um papel crucial no resfriamento da Terra e no fornecimento de alimento e habitat para várias espécies, incluindo baleias e krill.
Diante desses dados alarmantes, especialistas ressaltam a importância de reduzir as emissões de gases de efeito estufa para mitigar os efeitos dessas mudanças climáticas nos oceanos. Segundo Karina Von Schuckmann, presidente do relatório do estado oceânico no Copernicus, é necessário tomar medidas urgentes para trazer o equilíbrio energético de volta ao planeta.
Recentemente, um estudo publicado na revista Nature alertou que a humanidade já ultrapassou um ponto de virada para evitar a instabilidade na camada de gelo da Antártida Ocidental. Segundo Alberto Naveira Garabato, professor de oceanografia física na Universidade de Southampton, esse estudo é preocupante e mostra que nossas escolhas passadas têm consequências graves para o derretimento da camada de gelo e o aumento do nível do mar.
Diante desse cenário preocupante, é urgente que governos, organizações e indivíduos tomem medidas concretas para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e proteger a biodiversidade marinha. Caso contrário, as consequências para os oceanos e para todo o planeta serão desastrosas.