Nudedh busca informações sobre impacto das operações policiais na Maré e solicita esclarecimentos às secretarias de Educação e Saúde

O Núcleo de Defesa dos Direitos Humanos (Nudedh) da Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro está em busca de informações para avaliar o impacto causado pelas interrupções de serviços públicos durante as operações policiais no Conjunto de Favelas da Maré, na zona norte do Rio. O Nudedh organizou uma reunião com representantes de 16 associações de moradores da comunidade e nove ministérios, buscando ações coordenadas para atender as demandas da população em diferentes áreas.

Além disso, o Nudedh tem procurado o judiciário para tomar medidas legais. Na última sexta-feira (20), o Núcleo pediu à Justiça para encaminhar ofícios às Secretarias Estadual e Municipal de Educação e de Saúde, buscando esclarecimentos sobre os prejuízos causados pelas operações na Maré. A Defensoria Pública do Rio informa que o Nudedh busca reunir dados sobre o impacto da violência sobre estudantes e sobre a saúde mental dos moradores da comunidade.

Segundo a defensora Maria Júlia Miranda, subcoordenadora do Nudedh, as operações policiais não apenas interrompem o funcionamento de escolas e unidades de saúde da comunidade, mas também afetam as universidades federais, que têm suas aulas suspensas. O Nudedh observa que além da participação das Polícias Civil e Militar do Estado do Rio de Janeiro, as ações de repressão ao crime na Maré são reforçadas por agentes da Força Nacional de Segurança Pública, da Polícia Rodoviária Federal e da Polícia Federal, o que resulta na suspensão de serviços essenciais.

No entanto, o secretário-executivo do Ministério da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Cappelli, afirma que a participação das forças de segurança federais não é de policiamento ostensivo dentro de comunidades, mas sim de apoio às polícias estaduais e em ações de inteligência.

O Nudedh também levanta questionamentos às secretarias de educação e de saúde, buscando saber se foram comunicadas previamente sobre as operações na Maré e se foram adotadas medidas para preservar a vida e a integridade física de estudantes e usuários dos serviços oferecidos na comunidade.

A defensora Maria Júlia Miranda destaca a preocupação da Defensoria em relação à reposição de aulas e ao impacto da violência nos alunos, bem como a necessidade de realocação preferencial de pessoas que tiveram atendimentos suspensos. A ONG Redes da Maré estima que cerca de 13 mil alunos foram impactados pela falta de aulas.

O Nudedh compara as operações na Maré com aquelas realizadas em outras áreas do Rio, como na Barra da Tijuca, onde os vizinhos não foram afetados e seus filhos não perderam aulas ou atendimento médico. O Núcleo destaca a necessidade de ações eficazes no combate ao crime organizado, sem prejuízo aos direitos dos moradores.

A Agência Brasil entrou em contato com as secretarias estaduais e municipais de educação e saúde, mas apenas a Secretaria de Estado de Educação respondeu, informando que as atividades de duas escolas na Maré foram suspensas por quatro dias, afetando aproximadamente 850 alunos.

Além disso, o Nudedh esteve em Brasília juntamente com a ONG Redes da Maré em uma reunião com o secretário-executivo Ricardo Cappelli, discutindo especificamente as incursões das forças de segurança na Maré.

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