Além disso, o Nudedh tem procurado o judiciário para tomar medidas legais. Na última sexta-feira (20), o Núcleo pediu à Justiça para encaminhar ofícios às Secretarias Estadual e Municipal de Educação e de Saúde, buscando esclarecimentos sobre os prejuízos causados pelas operações na Maré. A Defensoria Pública do Rio informa que o Nudedh busca reunir dados sobre o impacto da violência sobre estudantes e sobre a saúde mental dos moradores da comunidade.
Segundo a defensora Maria Júlia Miranda, subcoordenadora do Nudedh, as operações policiais não apenas interrompem o funcionamento de escolas e unidades de saúde da comunidade, mas também afetam as universidades federais, que têm suas aulas suspensas. O Nudedh observa que além da participação das Polícias Civil e Militar do Estado do Rio de Janeiro, as ações de repressão ao crime na Maré são reforçadas por agentes da Força Nacional de Segurança Pública, da Polícia Rodoviária Federal e da Polícia Federal, o que resulta na suspensão de serviços essenciais.
No entanto, o secretário-executivo do Ministério da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Cappelli, afirma que a participação das forças de segurança federais não é de policiamento ostensivo dentro de comunidades, mas sim de apoio às polícias estaduais e em ações de inteligência.
O Nudedh também levanta questionamentos às secretarias de educação e de saúde, buscando saber se foram comunicadas previamente sobre as operações na Maré e se foram adotadas medidas para preservar a vida e a integridade física de estudantes e usuários dos serviços oferecidos na comunidade.
A defensora Maria Júlia Miranda destaca a preocupação da Defensoria em relação à reposição de aulas e ao impacto da violência nos alunos, bem como a necessidade de realocação preferencial de pessoas que tiveram atendimentos suspensos. A ONG Redes da Maré estima que cerca de 13 mil alunos foram impactados pela falta de aulas.
O Nudedh compara as operações na Maré com aquelas realizadas em outras áreas do Rio, como na Barra da Tijuca, onde os vizinhos não foram afetados e seus filhos não perderam aulas ou atendimento médico. O Núcleo destaca a necessidade de ações eficazes no combate ao crime organizado, sem prejuízo aos direitos dos moradores.
A Agência Brasil entrou em contato com as secretarias estaduais e municipais de educação e saúde, mas apenas a Secretaria de Estado de Educação respondeu, informando que as atividades de duas escolas na Maré foram suspensas por quatro dias, afetando aproximadamente 850 alunos.
Além disso, o Nudedh esteve em Brasília juntamente com a ONG Redes da Maré em uma reunião com o secretário-executivo Ricardo Cappelli, discutindo especificamente as incursões das forças de segurança na Maré.