A pesquisa revelou que, mesmo com o crescimento no acesso à internet em relação a 2022, ainda há desigualdades no acesso, especialmente entre as classes sociais mais baixas. Mais de 475 mil crianças e adolescentes das classes D e E relataram nunca ter acessado a internet. Além disso, 545 mil desses jovens disseram não ter acessado a internet nos últimos três meses.
O primeiro acesso à internet também ocorre cada vez mais cedo. Segundo o estudo, 24% das crianças e adolescentes tiveram o primeiro contato com a internet antes dos seis anos de idade. Em 2015, apenas 11% das crianças tinham até seis anos de idade quando acessaram a internet pela primeira vez.
A forma mais comum de acesso à internet entre as crianças e adolescentes é por meio do celular, apontado por 97% dos entrevistados. Além disso, o acesso à internet por meio da televisão tem aumentado nos últimos anos, chegando a 70% em 2023.
O uso do computador para acesso à web se manteve estável em 38%, mas com predomínio entre as classes sociais de maior renda. Apenas 15% das crianças das classes D e E afirmaram acessar a internet por meio do computador. Essas diferenças no acesso revelam a existência de desigualdades.
A pesquisa também abordou a percepção dos adolescentes em relação às propagandas na internet. Segundo o estudo, 50% dos entrevistados pediram para seus pais ou responsáveis comprar algum produto que viram na internet. Além disso, 84% relataram que ficaram com vontade de ter algum produto após vê-lo na internet.
No entanto, chama a atenção o fato de que crianças e adolescentes estão expostos a propagandas na internet, o que é considerado ilegal para crianças até 12 anos, de acordo com o Código de Defesa do Consumidor de 1990.
A pesquisa também revelou que cerca de 9% dos usuários entre 9 e 17 anos já viram imagens ou vídeos de conteúdo sexual na internet nos últimos 12 meses. A maioria dessas imagens aparece sem querer, seguida pelas redes sociais. Cerca de 16% das crianças e adolescentes também relataram ter recebido mensagens de conteúdo sexual pela internet.
A coordenadora do estudo ressaltou que, além dos riscos, a internet traz diversos benefícios para as crianças e adolescentes, como lazer, conhecimento e entretenimento. No entanto, é fundamental que os pais estejam presentes e acompanhem as atividades online de seus filhos.
A pesquisa foi realizada entre março e julho deste ano, ouvindo 2.704 crianças e adolescentes e seus respectivos pais ou responsáveis. O estudo é feito anualmente desde 2012, com exceção de 2020 devido à pandemia de Covid-19.