Embora o vídeo seja falso e montado para causar polêmica, a discussão que ele propõe é real e constante. Surge então a questão se existe alguma preocupação legítima sobre o letramento de gênero e temas relacionados à sexualidade e afetividade tanto nos debates envolvendo a ideologia de gênero criada pela extrema-direita, quanto nos vídeos supostamente humorísticos que são disseminados na internet.
Nos últimos anos, algumas pessoas têm incluído em suas identificações nas redes sociais os pronomes pelos quais preferem ser chamadas. Palavras como “ele/dele”, “ela/dela” e até mesmo “elu/delu” são usadas, demonstrando a importância dada à utilização correta dos pronomes de acordo com a identidade de gênero de cada indivíduo.
Apesar disso, há quem exagere na militância, condenando aqueles que cometem erros ao se referirem ao gênero de alguém. O cancelamento, que é o ato de boicotar ou excluir socialmente uma pessoa devido a suas opiniões ou comportamentos, acaba se tornando uma ameaça constante nas discussões sobre diversidade. Os sinais transmitidos mostram que qualquer erro cometido nesse debate é imperdoável, o que gera insegurança e medo de falar sobre sexualidade, gênero e afetividade. Nesse contexto, muitas vezes é mais seguro não dizer nada.
Além disso, existem também pessoas que erram de propósito ao utilizar pronomes incorretos para provocar o interlocutor. Esse comportamento é um tipo de preconceito recreativo, que não apenas desrespeita a identidade de gênero das pessoas, mas também causa sofrimento e ataques gratuitos, especialmente dentro da comunidade trans.
Por outro lado, existe um caminho do meio, em que as pessoas podem aprender e evoluir juntas. Muitas empresas atualmente oferecem treinamentos sobre diversidade e existem manuais disponíveis, inclusive gratuitos, que auxiliam na compreensão desses temas. Além disso, é papel das empresas e escolas promover mudanças e inclusão, acolhendo e respeitando a diversidade de gênero.
No dia a dia, se não soubermos o pronome de alguém, a dica é perguntar de forma respeitosa como a pessoa prefere ser chamada. Essa atitude é fundamental para garantir respeito e inclusão de todas as identidades de gênero. A discussão sobre os pronomes e o letramento de gênero é importante e deve ser contínua, a fim de promover uma sociedade mais justa e inclusiva para todas as pessoas.