Segundo a doutora em educação e mestre em psicologia educacional, Flávia Vivaldi, que integra o grupo de pesquisadores da Unicamp e da Unesp responsável por estudar ataques a escolas (Gepem), é crucial que as escolas e o poder público mudem o foco e passem a dar o mesmo valor à convivência que é dado às matérias tradicionais. Flávia defende a ideia de que a escola é um ambiente diverso e que isso naturalmente gera conflitos, os quais devem ser encarados como oportunidades de se aprender a conviver de forma positiva.
No entanto, a pesquisadora ressalta que as políticas públicas atuais não estão direcionadas para esse propósito. Diante disso, ela argumenta que as escolas não podem mais esperar pela ação dos governos e devem buscar maneiras de desenvolver iniciativas que promovam uma convivência saudável entre os alunos.
Flávia também alerta para a importância de identificar os diferentes tipos de conflitos existentes nas escolas e de acolher os agressores, que geralmente são ex-alunos ou alunos em sofrimento. Ela destaca que não é viável deixar ninguém para trás e que é fundamental enxergar esses estudantes e oferecer apoio.
No entanto, a pesquisadora ressalta que a solução para a violência nas escolas não pode ser exclusivamente policial. Segundo ela, esses agressores estão dispostos a matar e morrer, portanto, medidas como a presença de detectores de metais e policiais armados são ineficientes. Em vez disso, Flávia sugere o reforço na ronda policial no entorno escolar e a melhoria na sensação de segurança.
Por fim, a pesquisadora ressalta a importância de as escolas estarem abertas à comunidade, o que reforça sua legitimidade e contribui para seu papel na prevenção da violência. Em um momento de urgência e medo como o atual, é essencial que a escola seja um espaço seguro e acolhedor para seus estudantes.