No entanto, menos de um mês depois, Dadá foi solto pelo desembargador Luiz Fernando Lima, do Tribunal de Justiça da Bahia. O alvará de soltura foi expedido em 3 de outubro, e a decisão gerou indignação na cúpula da segurança pública da Bahia e críticas por parte do governo federal. O desembargador acabou sendo afastado pelo Conselho Nacional de Justiça.
Dadá, natural de Irecê, na Bahia, é um dos fundadores do BDM (Bonde do Maluco), uma das maiores e mais violentas facções criminosas do estado. O grupo foi criado em 2015 no Complexo Penitenciário da Mata Escura, em Salvador, a partir de uma separação da facção Caveira. José Francisco Lumes, conhecido como Zé de Lessa, era o líder do BDM na época.
Com a morte de Zé de Lessa, em 2019, Dadá assumiu a liderança do grupo. O BDM, que tem aliança com o PCC (Primeiro Comando da Capital), enfrenta uma intensa disputa territorial com o Comando Vermelho. Essa guerra entre facções é um dos principais motivos para o aumento da violência na Bahia nos últimos anos.
Dadá já foi investigado por tráfico de drogas e organização criminosa em diversas cidades da Bahia, como Irecê, Barreiras e Luís Eduardo Magalhães. Além disso, expandiu sua atuação para o estado de Tocantins. O traficante já havia sido preso anteriormente em 2008, na Operação Magalhães, que visava combater o tráfico de drogas no oeste do estado.
Após obter progressão de pena em 2022, Dadá foi alvo da Operação Tarja Preta, da Polícia Federal, mas não foi encontrado. Sua prisão mais recente aconteceu em setembro deste ano, em Pernambuco, durante uma fiscalização de rotina da Polícia Rodoviária Federal.
O alvará de soltura expedido pelo desembargador Luiz Fernando Lima foi baseado no argumento de que Dadá é responsável por um filho com transtorno do espectro autista. No entanto, após um pedido do Ministério Público, a decisão foi revertida, mas o traficante não foi encontrado e é considerado foragido.
O advogado de Dadá, Luiz Henrique Gesteira Gonçalves, não comentou o caso. Já o desembargador, por meio de sua defesa, afirmou que está empenhado em sua defesa técnica e que não cometeu nenhum erro em sua decisão. O governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues, não se pronunciou sobre o caso, mas defendeu uma atuação em parceria entre os Poderes para combater o crime organizado.