Falta de acordo ameaça resultado importante da COP27 da ONU sobre fundo para países mais pobres afetados por mudanças climáticas

A COP27, cúpula climática da ONU no Egito, está em risco devido às divergências entre os países sobre a administração de um novo fundo para auxiliar as nações mais pobres afetadas pelas mudanças climáticas. Os Estados Unidos têm liderado um esforço para que o Banco Mundial gerencie esse fundo, o que levou um grupo de países a ameaçar abandonar as negociações.

Representantes das nações do G77 + China, que inclui uma coalizão de países em desenvolvimento, consideraram deixar as discussões sobre o fundo de perdas e danos que estão ocorrendo em Aswan, no Egito. O acordo para a criação desse fundo foi celebrado na última cúpula climática da ONU, a COP27, em Sharm el-Sheikh, por líderes africanos e de outros países em desenvolvimento.

Desde então, os países têm tentado acertar os detalhes de como o fundo funcionaria e de onde viria o dinheiro antes da próxima cúpula, a COP28, nos Emirados Árabes Unidos. Porém, a falta de acordo seria prejudicial para a continuidade das negociações.

Pedro Luis Pedroso Cuesta, presidente cubano do grupo G77 + China, afirmou que as negociações estão em impasse devido a diferenças críticas, como a questão do dinheiro e os arranjos de governança do fundo. O G77 rejeitou propostas dos EUA e da União Europeia para que o fundo fosse sediado pelo Banco Mundial, após discussões “extensas” com o credor.

As nações opositoras inicialmente queriam um fundo independente, mas Pedroso Cuesta disse que agora estão abertos para que seja hospedado em uma organização da ONU ou outro banco de desenvolvimento multilateral. No entanto, os Estados Unidos se mantêm inflexíveis sobre a questão do local de sediamento do fundo.

Christina Chan, assessora sênior do enviado climático dos Estados Unidos, John Kerry, afirmou que é “inexato” e “irresponsável” sugerir que os EUA estão obstruindo as negociações. Ela destacou que os Estados Unidos estão trabalhando diligentemente para resolver problemas e encontrar soluções, respeitando o compromisso assumido na COP27.

Porém, Pedroso Cuesta argumentou que o Banco Mundial não possui uma “cultura climática” e demora muito para tomar decisões, o que dificultaria a resposta rápida a crises climáticas. Além disso, o G77 expressou preocupações com a aceitação de fontes mais amplas de recursos, como filantropia ou mercados de capitais, caso o fundo seja administrado pelo Banco Mundial.

O Banco Mundial, por sua vez, afirmou que ajudar os países na luta contra as mudanças climáticas faz parte do seu trabalho de desenvolvimento e que está disposto a colaborar assim que o fundo for estruturado.

Uma questão crucial a ser resolvida é a fonte de financiamento do fundo. Enquanto o G77 argumentou que os países desenvolvidos devem liderar as contribuições, os Estados Unidos defendem a participação de países como China e Arábia Saudita.

Com pouco tempo restante nas negociações do comitê de transição responsável pela concepção do fundo, Pedroso Cuesta enfatizou a urgência de os países desenvolvidos ouvirem as preocupações das nações em desenvolvimento.

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