Lideranças do Comando Vermelho do Rio de Janeiro desistem de comprar metralhadoras furtadas por falta de fita metálica para munição

Lideranças do Comando Vermelho do Rio de Janeiro não conseguiram concluir a compra das metralhadoras furtadas do Arsenal de Guerra do Exército em Barueri, na Grande São Paulo, devido a um problema inusitado: a falta de uma peça fundamental, que é a fita metálica para munição.

Segundo informações confirmadas pela Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE), a fita é necessária para carregar a munição nas armas. Das 21 armas furtadas, 8 foram recuperadas no Rio nesta quinta-feira (19/10).

As metralhadoras furtadas são conhecidas por serem modernas, municiadas com fitas de elos metálicos. A munição é presa em uma fita metálica, que fica fora da arma. Após o disparo, os elos desmontam e a fita é refeita por uma máquina, para receber novas munições. Segundo o especialista em armas Vinícius Cavalcante, apenas o Exército possui acesso a esse tipo de fita metálica.

Inicialmente, o Exército havia afirmado que as armas estavam “inservíveis” e sem utilidade. Porém, a DRE descobriu que a negociação das armas furtadas foi realizada em um grupo de WhatsApp composto por lideranças do Comando Vermelho, facção criminosa do Rio de Janeiro. Um fornecedor postou um vídeo no grupo, mostrando as quatro metralhadoras .50 desviadas do Arsenal de Guerra.

De acordo com as informações da polícia, traficantes cariocas solicitaram a análise das armas pessoalmente. O armamento foi levado para diferentes pontos do Rio de Janeiro, como o Complexo da Penha, a Nova Holanda, a Rocinha e, por fim, a Cidade de Deus.

A polícia identificou que entre os traficantes que analisaram as armas na Penha estava Wilton Quintanilha, conhecido como Abelha e suposto presidente do Comando Vermelho. Mesmo alegando que deseja deixar o tráfico, Quintanilha possui um histórico no Exército. Recentemente, os mandados de prisão contra ele foram retirados do banco de mandados, possibilitando uma possível fuga do país. No entanto, os documentos foram reinseridos após questionamentos da imprensa ao Tribunal de Justiça.

Segundo fontes, Abelha teria dito ao fornecedor das armas que elas seriam utilizadas apenas para assustar rivais e não teriam utilidade para a quadrilha do Comando Vermelho.

As negociações para a compra das armas envolveram valores altos. O fornecedor chegou a pedir R$350 mil por cada metralhadora antiaérea e R$180 mil para os fuzis. No entanto, quando souberam que uma operação seria realizada para capturar as armas, os traficantes ordenaram a retirada das mesmas das comunidades. Os fornecedores foram em direção à Gardênia Azul, mas abandonaram o veículo assim que perceberam a presença da polícia.

A polícia está investigando se outro lote de armas foi enviado para Minas Gerais, onde traficantes da mesma facção têm mostrado interesse em analisar os armamentos pessoalmente.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo