Após o incidente, a Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social registrou um boletim de ocorrência e solicitou reforço de segurança à GCM (Guarda Civil Metropolitana). O equipamento em construção faz parte do programa Vila Reencontro, que tem como objetivo oferecer moradia para famílias em situação de vulnerabilidade social. A nova unidade terá capacidade para abrigar até 50 famílias com crianças quando estiver pronta, prevista para o primeiro trimestre de 2024. No entanto, devido à depredação do canteiro de obras, o cronograma pode ser atrasado.
O secretário Carlos Bezerra Júnior, responsável pela pasta, visitou a região nesta quinta-feira para dialogar com lideranças comunitárias que estão se mobilizando em abaixo-assinados para tentar barrar o programa. Ele lamentou o ocorrido e ressaltou que os vandalismo foi acompanhado de pichações agressivas e preconceituosas contra a população em situação de rua.
O terreno onde a nova vila será construída está localizado na região do conjunto habitacional José Bonifácio e pertence ao município. Segundo Bezerra, a área estava sem uso há 50 anos, sendo informalmente utilizada pelos moradores como uma praça e para a realização de uma feira. O programa Vila Reencontro é a principal resposta da gestão do prefeito Ricardo Nunes, do MDB, para a crescente população em situação de rua na cidade.
Esse programa de moradia já enfrenta resistência de vizinhos em diferentes regiões. Os equipamentos já motivaram abaixo-assinados, manifestações e até boatos de que eles atrairiam a cracolândia para os bairros onde são implantados. O furto de materiais de construção também chegou a atrasar a inauguração de uma unidade no Pari, região central da cidade.
Atualmente, a cidade de São Paulo conta com três vilas Reencontro em funcionamento, todas elas na região central. Cada vila é composta por casas modulares de 18 m² organizadas em um conjunto habitacional. A gestão de Nunes planeja inaugurar mais uma unidade até o final deste ano e outras 11 em 2024. Até o final de setembro, 28 famílias já conseguiram uma “saída qualificada” do programa, ou seja, conseguiram autonomia econômica e uma alternativa de moradia.
De acordo com o Tribunal de Contas do Município (TCM), cerca de 50 mil pessoas vivem em situação de rua na capital paulista. Recentemente, o órgão cobrou da prefeitura a apresentação de um plano com ações de acolhimento para a população sem-teto. As ações da atual gestão em relação aos moradores de rua são consideradas ruins ou péssimas para 73% dos paulistanos, de acordo com uma pesquisa Datafolha realizada no início de setembro. Esse percentual aumentou em relação a um levantamento feito em abril do ano passado, no qual 63% consideraram as ações ruins ou péssimas. Apenas 8% avaliaram as ações como ótimas ou boas e 18% como regulares.