Seca histórica afeta rios e lagos da Amazônia, colocando comunidades em emergência e aumentando risco de incêndios florestais.

A seca na Amazônia tem gerado impactos devastadores nos ecossistemas e na vida das comunidades locais. As imagens de rios e lagos secos impressionam, mas os dados revelados pelos satélites são igualmente alarmantes. Segundo o MapBiomas, no Estado do Amazonas, a cobertura de água atingiu a menor extensão desde 2018. Lagos inteiros secaram, como é o caso do Lago Tefé, onde mais de 100 botos foram encontrados mortos. O Lago de Coari também foi afetado, prejudicando o acesso a alimentos, medicamentos e o funcionamento das escolas.

Os dados obtidos através de imagens dos satélites LandSat e Sentinel mostram uma redução de 1,39 milhão de hectares na superfície de água em setembro deste ano, em comparação com o mesmo mês de 2022. 25 municípios do Estado tiveram uma redução na superfície de água superior a 10 mil hectares, com destaque para Barcelos, que teve a maior perda, seguido por Codajás, Beruri e Coari.

Essas perdas afetam diretamente as comunidades ribeirinhas, extrativistas, quilombolas, indígenas e áreas urbanas. Em Manaus, por exemplo, o nível do Rio Negro atingiu a menor marca em mais de um século. A seca extrema é considerada a pior em mais de um século, desde que o nível do rio começou a ser monitorado. A previsão é de que a seca continue pelos próximos dez dias, já que a estiagem amazônica costuma se prolongar até o final de outubro.

A situação é tão grave que quatro municípios da calha do Rio Negro – São Gabriel da Cachoeira, Barcelos, Santa Isabel do Rio Negro e Manaus – estão em situação de emergência. Diante disso, o governo federal anunciou a liberação de R$ 324,3 milhões para ações de saúde, defesa civil e moradia para os afetados pela seca no Amazonas. O Ministério da Saúde destinará R$ 224,3 milhões para as prefeituras, com R$ 102,3 milhões sendo liberados imediatamente.

Além da seca, a Amazônia também enfrenta uma situação de alta vulnerabilidade a queimadas. Os impactos do El Niño severo de 2023 e do aquecimento do Atlântico Norte têm sido apontados como os principais fatores que contribuem para a seca severa na região. As mudanças climáticas e o desmatamento também são considerados as principais causas das secas cada vez mais frequentes e severas na Amazônia.

Os efeitos do El Niño, que eleva as temperaturas do Oceano Pacífico, somados às mudanças climáticas têm gerado consequências em diversas partes do planeta. No Norte do Brasil, a seca extrema é o principal resultado, enquanto no Sul, por exemplo, a passagem de um ciclone causou mortes e desabrigados.

Diante do aumento das temperaturas registradas em todo o mundo, as consequências são inevitáveis. O ano de 2023 já está sendo apontado como o mais quente já registrado, de acordo com a Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos Estados Unidos e o Serviço de Mudanças Climáticas Copernicus da União Europeia. Essa elevação das temperaturas contribui para o agravamento da seca, incêndios florestais e emissões de dióxido de carbono.

O CO2 é o principal responsável pelo efeito estufa e reduzir suas emissões é um desafio global. No entanto, o Brasil registrou a maior alta nas emissões de gases de efeito estufa em 19 anos, sendo o desmatamento a principal causa desse aumento.

Em meio a tudo isso, Manaus e outros municípios do Amazonas enfrentam também uma nuvem de fumaça e queimadas. Embora o número de focos de incêndio no estado tenha sido menor do que no ano passado, ainda há uma quantidade alarmante de queimadas, o que contribui para a destruição da mata e a emissão de gases que intensificam o efeito estufa.

A situação na Amazônia é crítica, e a falta de chuvas, o aumento das temperaturas e a presença de queimadas são apenas alguns dos problemas enfrentados pela região. É necessário agir urgentemente para reduzir as emissões de gases de efeito estufa, combater o desmatamento e buscar soluções para enfrentar os efeitos das mudanças climáticas, antes que seja tarde demais.

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