Para o ano de 2024, serão disponibilizadas 15.369 vagas, abrangendo desde faculdades com menor procura até cursos altamente concorridos, como medicina na USP e na Unicamp.
O Provão Paulista é um vestibular seriado, ou seja, será aplicado em todas as séries do ensino médio, e o ingresso na universidade dependerá do desempenho ao longo dos três anos. No entanto, neste primeiro ano de implementação, os formandos de 2023 farão apenas as provas deste ano, nos dias 28 e 29 de novembro. Já em 2024, os alunos terão as avaliações de dois anos sendo consideradas e, a partir de 2025, serão avaliados em todo o conteúdo do curso.
O objetivo é estimular desde o primeiro ano do ensino médio a preparação dos estudantes para conquistar uma vaga no ensino superior público. A inscrição é automática para todos os estudantes da rede paulista e as provas são aplicadas durante os dias de aula, o que aumenta a expectativa de ampliar o acesso de alunos que normalmente não fariam um vestibular.
O peso das notas que comporão o resultado final aumenta gradualmente ao longo dos anos, para que os estudantes não se sintam desestimulados caso obtenham um baixo desempenho nos primeiros anos do ensino médio.
A partir de 2025, quando as avaliações dos três anos serão consideradas, o peso para o desempenho do primeiro ano será de 15%; para o segundo ano será de 25%; e para o terceiro ano será de 60% (sendo 40% para as provas de múltipla escolha e 20% para a redação).
Embora a inscrição para as provas seja automática, os estudantes do terceiro ano precisarão se cadastrar no Portal de Escolhas, onde deverão listar suas opções de cursos. Não haverá restrições para a seleção de carreiras de áreas diferentes, permitindo que os alunos escolham cursos variados nas diferentes universidades.
O Portal de Escolhas estará disponível a partir de 1º de novembro e, de acordo com o governo, ficará aberto até 8 de dezembro. Houve uma prorrogação de prazo em relação ao edital inicial, que previa o encerramento das inscrições em 15 de novembro.
No dia da aplicação do Provão, as escolas funcionarão com um esquema semelhante aos vestibulares tradicionais, mantendo as aulas regulares para as outras turmas. Além das provas do terceiro ano, que serão realizadas nos dias 28 e 29 de novembro, também serão aplicadas provas do primeiro e segundo ano nos dias 30 de novembro e 1º de dezembro.
Toda a organização do sistema está a cargo da Vunesp, fundação responsável pelo vestibular da Unesp. Será estabelecido horário de abertura e fechamento dos portões, tempo mínimo e máximo de permanência dos alunos em sala de aula, além da presença de fiscais externos. Também será proibido o uso de celulares ou qualquer dispositivo de comunicação durante as provas, e os estudantes precisarão ser acompanhados por um funcionário ao sair para ir ao banheiro.
As provas serão aplicadas por professores que não ministram aulas para as turmas. Serão impressas e compostas por questões de múltipla escolha, sendo que para o terceiro ano haverá também a redação.
O secretário estadual de Educação, Renato Feder, ressaltou a importância de aplicar as provas em dias letivos, destacando que muitos alunos não se inscreveriam em vestibulares ou prestariam o Enem. Segundo ele, o Provão será levado até esses estudantes.
Está prevista a oferta de bolsas de estudo para jovens de baixa renda que ingressarem nas universidades por meio do Provão, mas os valores e critérios ainda não foram definidos. Além disso, as universidades se comprometeram a oferecer programas de auxílio, como moradia e alimentação.
A expectativa do governo é que o Provão Paulista se torne o processo seletivo consolidado nos próximos anos e que as universidades ampliem a oferta de vagas através desse sistema. Na primeira edição, USP, Unesp e Unicamp disponibilizaram cerca de 13% das vagas. A longo prazo, cogita-se que essa avaliação seriada possa substituir os vestibulares dessas universidades para candidatos das escolas públicas de São Paulo.
Atualmente, além do Provão, os alunos da rede pública podem concorrer às vagas das universidades estaduais paulistas por meio do Enem e dos vestibulares de cada instituição. Caso sejam aprovados em mais de uma opção no Provão, bem como pelo Enem ou pelos vestibulares, precisarão optar por apenas um curso para efetuar a matrícula.
As instituições reservam 50% das vagas para candidatos de escolas públicas, sendo que as vagas do Provão foram estabelecidas dentro desse percentual, retiradas da parcela destinada ao Enem e/ou ao vestibular próprio de cada universidade. Dentro desse número, há ainda uma reserva de vagas para estudantes pretos, pardos e indígenas.
Na USP, as vagas do Provão reduziram as vagas pelo Enem. A distribuição foi equilibrada entre todos os cursos, representando cerca de 15% do total de vagas para cada um deles, dos mais aos menos concorridos.
Gustavo Mônaco, diretor da Fuvest e membro do Conselho Universitário da USP, afirmou que a universidade busca ampliar o acesso de alunos da escola pública através do Provão, mesmo nos cursos mais concorridos, como medicina.
Na Unesp, serão reservados 10% das vagas totais para o Provão Paulista nos cursos mais disputados e até 30% para os cursos com menor procura. A pró-reitora de graduação da Unesp, Célia Maria Giacheti, acredita que o Provão fortalecerá a conexão entre a universidade e os alunos das escolas públicas, proporcionando mais oportunidades para eles se interessarem pelo ensino superior.
Na Unicamp, assim como na USP, parte das vagas destinadas ao Enem também foi direcionada ao Provão, e haverá opções em todos os cursos.
No estado de São Paulo, há cerca de 1,1 milhão de estudantes matriculados no ensino médio, sendo 435 mil no primeiro ano, 359 mil no segundo e 356 mil no terceiro. O Provão também é destinado a alunos matriculados nas Etecs, escolas públicas municipais e federais de São Paulo. Alunos da rede pública de outros estados puderam se inscrever no Provão Paulista até o dia 6 de outubro e precisarão realizar as provas em São Paulo.