Primeiro, vimos uma parte desmiolada da esquerda soltando fogos de artifício em frente à embaixada de Israel em Londres. Milhares de pessoas se reuniram para celebrar a barbárie do Hamas, como se fosse uma luta anticolonialista. No Brasil, inclusive nas redes sociais, era possível encontrar um verdadeiro foguetório emocionado. Mas o que teria acontecido com essas pessoas? Elas não têm parentes vitimados nesse conflito, eles não são descendentes das gerações que vivenciaram guerras e mortes no Oriente Médio.
Porém, a reação da direita também não ficou para trás. Legitimaram a morte de civis na Faixa de Gaza, defendendo os bombardeios indiscriminados e repreensões coletivas. Acreditam que é aceitável cortar a água, a luz, a entrada de alimentos e remédios para dois milhões de pessoas como forma de combate ao terrorismo. Mas será que essas pessoas conseguem imaginar a dor e o sofrimento que estão sendo infligidos aos cidadãos comuns que vivem nessas áreas de conflito?
O que realmente estaria acontecendo com essas pessoas? Elas estão agindo como macacas de auditório, aplaudindo a selvageria e se tornando cheerleaders da crueldade. E isso acontece principalmente nas redes sociais, onde a polarização se faz presente de forma intensa. Ou é de esquerda ou é de direita. Ou é oprimido ou colonizador. Não existe espaço para tons de cinza, para discussões equilibradas e para entender que nem tudo é preto ou branco. Cada lado tem seu próprio discurso e qualquer pessoa que desvie um milímetro desse discurso é rotulada e negada de sua dignidade.
Os rótulos são colocados sem piedade em quem se distancia dos dogmas do grupo, e isso causa uma paralisia no raciocínio de quem os aplica. E é assim que vemos pessoas olhando para um menino palestino e enxergando apenas o terrorismo, e outras olhando para um bebê israelense e enxergando apenas o colonialismo. E todos correm para as redes sociais para compartilhar sua visão violenta e depois colher os likes, comentários e reposts, como se fossem despojos de guerra.
É possível que a era das redes sociais tenha nos jogado em um fosso de extremismo, sem espaço para discussão, compreensão e empatia. As pessoas podem ter, de fato, enlouquecido.