Tempo de acolhimento de crianças e adolescentes em unidades no Rio de Janeiro diminui nos últimos anos, aponta censo.

Nos últimos anos, o tempo que crianças e adolescentes passam em unidades de acolhimento no estado do Rio de Janeiro tem diminuído. Essa informação foi revelada pelo 31º Censo da População Infantojuvenil Acolhida, divulgado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ). Esse dado é considerado positivo pelos promotores responsáveis pelo levantamento, pois indica que os menores estão sendo encaminhados para o convívio familiar de forma mais rápida.

De acordo com os resultados do censo, 28,9% das crianças e adolescentes em regime de acolhimento estão nessa situação por mais de um ano e meio. Esse número era de 33,8% em 2022 e de 39,7% em 2021. Já a quantidade de crianças e adolescentes acolhidos permanece estável, com 1.512 menores na edição deste ano, em comparação com os 1.455 do censo anterior.

Para o MPRJ, a redução no tempo de acolhimento é um indicativo de melhora do sistema, que estaria cumprindo de forma mais eficaz seu papel de promover o convívio familiar e comunitário para as crianças e adolescentes. A instituição ressalta que esse censo serve como referência para a discussão e construção de políticas públicas.

Conforme o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), o acolhimento institucional é destinado a menores de 0 a 18 anos que se encontram em situação de risco pessoal e social. Para isso, é necessário que haja uma requisição do Conselho Tutelar e uma determinação judicial. A legislação estabelece que o afastamento da família deve ser uma medida excepcional, sendo aplicada apenas em casos graves, nos quais a integridade física ou psíquica esteja em perigo.

As crianças e adolescentes permanecem acolhidos até que sejam colocados em uma família. Isso pode ocorrer de diversas maneiras, como o retorno à família de origem, caso a situação de risco tenha sido solucionada. Outra possibilidade é o encaminhamento para o cuidado de uma família substituta, dando prioridade a outros parentes, como avós ou tios. Além disso, a adoção por uma nova família, sem vínculo anterior, também está contemplada. Todas essas alternativas seguem regras pré-definidas e são acompanhadas pelo conselho tutelar.

O censo indica que, dos 1.512 menores acolhidos no estado do Rio de Janeiro, 31,1% estão em serviços de acolhimento na capital. Além disso, há atualmente 170 crianças aptas para adoção, sendo 72 do sexo feminino e 98 do sexo masculino. Em relação à raça, 144 são negras (pretas ou pardas) e 26 são brancas. A maioria possui entre 7 e 17 anos, enquanto apenas 10 têm de 0 a 6 anos. O MPRJ ressalta a importância de incentivar adoções tardias, conforme os dados apresentados.

O levantamento também revela um aumento no número de menores acolhidos devido a abuso sexual, representando 6,15% dos casos. A situação de rua também foi um fator que contribuiu para o aumento dos acolhimentos, totalizando 6,35% das ocorrências. Ambos os fatores se tornaram os principais motivos de acolhimento, ocupando, respectivamente, o quarto e o quinto lugar na lista. Já a maioria dos casos está relacionada a negligência (39,09%), abandono (9,85%) e abuso físico ou psicológico (8,66%).

Além disso, o censo indica uma considerável redução nos acolhimentos motivados por guarda ou tutela mal sucedida, representando apenas 2,18% dos casos. Outros 2,91% dos acolhimentos resultam de tentativas fracassadas de guarda ou tutela para a família extensa. Esses resultados reforçam a avaliação de que o sistema tem sido mais eficaz na inserção dos menores no convívio familiar.

Por fim, o levantamento mostra um aumento no número de processos judiciais que buscam garantir o direito à convivência familiar e comunitária das crianças e adolescentes. Conforme os primeiros censos, menos de 40% dos acolhidos tinham ações judiciais em seu favor, mas agora esse número alcança 61% dos casos. O MPRJ destaca que os acolhimentos recentes costumam envolver situações ainda não abordadas por processos judiciais ou outros procedimentos legais.

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