Tribunal do tráfico: Investigadores apuram se assassinos de médicos foram mortos em disputa interna na narcomilícia do Rio

No último dia 5, um terrível crime chocou a cidade do Rio de Janeiro. Três médicos foram assassinados a tiros em um quiosque localizado na Barra da Tijuca, zona oeste da cidade. Agora, a Delegacia de Homicídios está investigando se os criminosos responsáveis por esse ato foram mortos em um tribunal do tráfico no Complexo da Penha, situado na zona norte do Rio.

Segundo informações obtidas pela reportagem por meio de investigadores que atuam no caso, uma das principais linhas de investigação é a de que o ortopedista Perseu Ribeiro Almeida, de apenas 33 anos, foi confundido com um miliciano chamado Taillon de Alcantara Pereira Barbosa, de 26 anos. Barbosa é acusado pelo Ministério Público estadual de fazer parte da milícia de Rio das Pedras.

Acredita-se que a ordem para assassinar os médicos no quiosque partiu de Phillip Motta Pereira, conhecido como Lesk, que é responsável pela narcomilícia da Gardênia Azul, bairro localizado na zona oeste da cidade. Os investigadores apontam que o motivo desse ataque seria uma vingança pela morte de outro miliciano.

A narcomilícia da Gardênia Azul surgiu após uma disputa interna da milícia na região no final de 2022. Traficantes do Complexo da Penha, que fica na zona norte, propuseram uma aliança a Pereira, oferecendo armas, homens e lucros com as máquinas caça-níqueis e a venda de drogas em troca de ajuda para tomar o território da Gardênia Azul.

Além disso, eles ofereceram abrigo em suas áreas, como o Complexo da Penha, que é uma extensão do Complexo do Alemão e uma das bases principais do Comando Vermelho no estado. Essa parceria possibilitou a expansão da narcomilícia na zona oeste e, consequentemente, gerou disputas na região, resultando na morte de pelo menos 50 pessoas nos primeiros seis meses deste ano.

Uma rua na zona oeste, conhecida como “rua da morte” ou Araticum, ganhou esse apelido devido aos constantes assassinatos ocorridos durante as disputas entre a narcomilícia e os milicianos locais.

Após o crime contra os médicos, os atiradores teriam buscado refúgio em áreas controladas pelo Comando Vermelho. Eles chegaram a postar nas redes sociais a notícia falsa de que Taillon havia sido morto, porém, as postagens foram apagadas rapidamente.

Diante dessa confusão e da repercussão do caso, os traficantes envolvidos teriam realizado um tribunal do tráfico, no qual o líder do Complexo da Penha, conhecido como Doca, teria ordenado a execução e até mesmo avisado a polícia sobre o ocorrido, ou pelo menos foi isso que apuraram os investigadores.

A Delegacia de Homicídios continua as investigações para esclarecer todos os detalhes desse trágico episódio e identificar os responsáveis pelos três assassinatos.

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