Associação de Delegados de Polícia de SP questiona conduta da PM em caso de idoso morto e pede investigação na Justiça Militar.

A Associação dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (ADPESP) está atuando de forma incisiva em busca de respostas sobre a conduta dos oficiais da Polícia Militar no caso da morte do idoso Clóvis Marcondes de Souza, de 70 anos, ocorrida no último dia 7, no bairro do Tatuapé, zona leste de São Paulo. O idoso foi baleado na cabeça por um policial militar enquanto se dirigia a uma farmácia a pé, sendo o disparo efetuado de dentro de uma viatura da PM durante uma abordagem a dois homens em uma motocicleta.

A ADPESP questiona a decisão dos oficiais da PM de não registrar o boletim de ocorrência em uma delegacia da Polícia Civil, como determina a legislação. De acordo com a associação, mortes decorrentes de intervenção policial devem ser investigadas pela Polícia Civil, e não encaminhadas para um quartel da Polícia Militar. O presidente da ADPESP, delegado André Santos Pereira, afirmou que o pedido feito à Justiça Militar visa apurar a conduta dos oficiais responsáveis por levar a ocorrência para o quartel, quando deveriam ter encaminhado para uma delegacia.

A ação da associação resultou na decretação da prisão preventiva do policial que efetuou o disparo, acusado de cometer um crime culposo. Pereira destacou que houve descumprimento da Constituição Federal, da legislação federal e de normas da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, o que configura, na visão da associação, a prática de crimes como prevaricação e falsidade ideológica.

Diante da negativa da PM em encaminhar a ocorrência para a Polícia Civil, os familiares da vítima tiveram que tomar a iniciativa, permitindo o início das investigações pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa da Polícia Civil. A ADPESP solicitou a instauração de um inquérito policial militar para apurar a conduta dos oficiais envolvidos, enfatizando a importância da legalidade e da atuação de cada órgão dentro de suas atribuições.

O caso acontece em meio à tentativa do governo estadual de aumentar as atribuições da Polícia Militar, com a proposta de que a PM passe a registrar termos circunstanciados, substituindo parte dos boletins de ocorrência feitos nas delegacias. A ADPESP destaca que, embora a PM tenha tido poder investigativo durante a ditadura militar, a Constituição de 1988 atribui tal responsabilidade à Polícia Civil.

A Secretaria de Segurança Pública afirmou que todas as circunstâncias do caso estão sendo investigadas tanto pela Justiça Militar quanto pelo DHPP, com acompanhamento do Ministério Público. O governo garantiu que o policial envolvido está detido preventivamente e que as investigações estão em andamento para esclarecer os fatos e garantir a responsabilização dos envolvidos.

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