Márcio Hannas, presidente da CCR Mobilidade, empresa que detém 80% das ações da ViaMobilidade, afirma que houve melhorias desde o início da concessão, mas ressalta que o sistema ainda está longe de estar adequado. Segundo ele, estão previstos investimentos de R$ 4 bilhões nos próximos três anos, com o objetivo de compra de trens, substituição de trilhos e dormentes, reforma de estações, entre outros. Até o momento, cerca de R$ 2,5 bilhões já foram gastos.
Desde que passaram a ser operadas pela ViaMobilidade, as linhas 8-Diamante e 9-Esmeralda acumulam diversas falhas, como acidentes, descarrilamentos e até trens com portas abertas no lado errado. A situação chegou ao ponto de provocar paralisações no transporte, como ocorreu recentemente devido ao rompimento de um cabo de energia da rede aérea na linha 9, que levou 27 horas para ser solucionado.
Essas interrupções causaram superlotação nas estações e agravaram ainda mais o caos no transporte público devido à greve de 24 horas no Metrô e na CPTM. A greve foi um protesto contra o plano de privatização do governo Tarcísio de Freitas.
A série de problemas enfrentados nas linhas resultou em uma ação civil do Ministério Público de São Paulo e em 50 multas aplicadas pelo governo estadual, totalizando cerca de R$ 20 milhões. Além disso, a empresa assinou um Termo de Ajustamento de Conduta no valor de R$ 150 milhões, dos quais R$ 147 milhões serão investidos em melhorias imediatas e R$ 3 milhões serão destinados ao Fundo de Interesses Difusos.
Hannas ressalta que a falta de documentação técnica atualizada e a inadequação dos trens recebidos dificultaram o início da operação. Ele afirma que foi preciso contratar uma empresa para mapear as linhas, mas esse trabalho ainda não foi concluído. Além disso, dos 54 trens disponibilizados à concessionária, muitos estavam com revisões atrasadas em até 800 mil km.
A ViaMobilidade está empenhada em resolver essas questões e já está em curso a reforma dos trens, com a previsão de devolução de 36 deles reformados. Também está prevista a reformulação completa da rede aérea de alimentação de energia e a instalação de um sistema de monitoramento nas duas linhas.
Apesar dos esforços, a ViaMobilidade reconhece que o início da operação foi problemático e que erros foram cometidos. A Secretaria de Parcerias e Investimentos, do governo estadual, ainda não se pronunciou sobre o estado das linhas no momento da concessão.
Em relação aos descarrilamentos, que foram frequentes nos últimos meses, a empresa identificou 60 pontos críticos que necessitam de melhorias, como a troca de trilhos e dormentes. Hannas destaca que a questão principal está na rede aérea de alimentação de energia, que precisa passar por uma reformulação completa.
A ViaMobilidade registrou uma queixa na polícia por suspeitas de sabotagem, já que na última pane foi encontrado um cabo estranho com marcas de queimado. Além disso, a concessionária não consegue explicar como cinco gradis foram abertos na região do problema, mesmo com reforço na segurança.
Apesar de reconhecer os problemas enfrentados, Hannas afirma que a expectativa é de que as linhas estejam plenamente satisfatórias aos usuários em três anos.
Journaliste Writely