A BHP entrou com um processo na justiça inglesa solicitando a participação da Vale no caso. No entanto, a Vale argumentou que não tem sede na Inglaterra e, portanto, suas questões legais não poderiam ser resolvidas pela corte local. Em agosto, a justiça inglesa decidiu que a empresa brasileira deverá responder junto com a BHP na ação de responsabilização pela tragédia. A Vale anunciou que vai recorrer da decisão.
A audiência que poderá determinar a culpa das duas empresas na tragédia está marcada para outubro de 2024. No entanto, o escritório Pogust Goodhead, que representa os 700 mil atingidos na Justiça da Inglaterra, acredita que um acordo pode ser alcançado até março. O valor inicial para as negociações é de R$ 230 bilhões.
O objetivo do acordo é evitar o desgaste de uma possível condenação pela corte. Segundo o advogado Tom Goodhead, em 99% dos casos as empresas evitam que o processo chegue ao julgamento. A entrada da Vale no processo aumenta as chances de acordo, pois as responsabilidades previstas no termo seriam divididas entre as duas empresas.
A BHP afirma que a ação no Reino Unido é desnecessária e continuará com sua defesa no processo. A empresa também destaca que já está trabalhando na reparação ambiental e social através da Fundação Renova. Já a Vale, como acionista da Samarco, reforça seu compromisso com a reparação dos danos causados pelo rompimento da barragem.
O Movimento dos Atingidos por Barragens em Minas Gerais considera a ação em Londres uma forma de pressionar as empresas. A barragem da Samarco em Mariana rompeu em novembro de 2015 e causou uma das maiores tragédias ambientais do Brasil, com 19 pessoas mortas e todo o rio Doce poluído.
Representantes do escritório Pogust Goodhead iniciaram uma série de encontros com os atingidos pelo desastre para discutir o processo. Esses encontros incluem comunidades indígenas, quilombolas, igrejas e prefeituras. O escritório informa que não é possível adicionar novos atingidos ao processo, mas que informações adicionais podem ser agregadas.