O empresário do agronegócio foi convocado para comparecer à CPMI por estar na lista de suspeitos de financiar os atos golpistas que ocorreram após a vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em outubro de 2022. Grupos bloquearam rodovias e acamparam em frente a quartéis de todo o país, pedindo um golpe militar no Brasil.
Argino Bedin é um latifundiário que possui sociedade em pelo menos nove empresas. Suas contas foram bloqueadas por decisão do ministro Alexandre de Moraes, conforme informado no requerimento do deputado Carlos Vera (PT/PE) aprovado na CPMI.
Durante a sessão, a relatora da Comissão, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), destacou os alertas da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), que apontaram que após o resultado da eleição, 272 caminhões foram enviados à Brasília, sendo 72 provenientes da cidade de Sorriso, local das fazendas de Bedin. Desses caminhões, 16 eram de propriedade do empresário ou de membros de sua família.
Eliziane também mencionou uma série de atos violentos ocorridos em Sorriso ou próximo à cidade, nas proximidades das fazendas de Bedin, todas localizadas na BR-163. Entre esses atos, destaca-se a tentativa de explosão da BR-174 em Comodoro, em Mato Grosso, no dia 19 de novembro, com a intenção de danificar a rodovia e destruir um duto que passa sob o trecho. Além disso, um grupo atacou a base de uma concessionária e ateou fogo com gasolina em Lucas do Rio Verde, cidade vizinha de Sorriso, no mesmo mês.
A relatora também ressaltou que a Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso do Sul (Aprasoja) está entre os grupos ligados ao chamado Movimento Brasil Verde e Amarelo, que convocou manifestações contra as eleições no Brasil. Eliziane questionou o suposto financiamento dessas manifestações pelo Movimento Verde Amarelo.
Diversos representantes da oposição se manifestaram em defesa de Argino Bedin. O deputado Delegado Ramagem (PL-RJ) destacou os feitos do empresário no agronegócio e afirmou que ele está sendo tratado injustamente, como se fosse responsável pelos vândalos que depredaram o patrimônio público nos atos golpistas. O deputado Filipe Barros (PL-SC) também prestou solidariedade a Bedin, argumentando que ele é um empresário exemplar e que não pode ser responsabilizado pelos acontecimentos violentos do dia 8 de janeiro.
No entanto, as respostas do empresário às acusações e questionamentos dos parlamentares continuam desconhecidas, pois ele optou por exercer seu direito de permanecer em silêncio durante a sessão da CPMI.